20070730

eu vivo para esperar névoa

Conseguia ver de longe o que me faria feliz. Mas me é só uma eu. (Eu me perco no meio de mim. Nem me tenho, na minha essência, mais; dispersei tanto que nem sei.) Em quantidade, era demais pra mim, não sei o que faria com tudo. Eu pressenti que tinha me perdido, mas não voltei a olhar aquela minha felicidade. Eu seria, dali pra frente, alguma coisa menos real. Não só eu perceberia o quanto menos. Fiquei mais que feliz alguns instantes, esses instantes me bastaram de fantasiosas sensações. Já senti a mesma névoa outras vezes. Elas são lindas! "E, deslumbrada de desentendimento, ouvia bater dentro de mim um coração que não era meu."¹ Foram névoas que passaram-me como brisas, suaves, mas são névoas pesadas, carregadas de sensações. Névoas meio mágicas, paralelas a qualquer coisa que seja real. É uma dimensão a mais, guardada para as minhas névoas. Senti-as algumas poucas três ou quatro vezes. Em meio ao meu pensamento, guardo-as nas partes mais prazerosas da memória. Outras pessoas fazem parte delas (mas não sei se elas fazem parte das outras pessoas), é aquela sensação de paixão. Não qualquer paixão: paixão e aroma de morango, suave e (vibrante) vermelho; sensação de chocolate quente (chocolate quente é carregado de paixão); e de afago, macio e profundo.

¹Clarice Lispector

2 comentários:

PollyAna disse...

nossa passei e gostei daq! beijos *-*

PollyAna disse...

nossa passei e gostei daq! beijos *-*