20071223

asminhasmoléculassãotãomoles

moles moléculas
moléculas moles
salucélom selom
moles moléculas
moléculas moles
selom salucélom
me bo
dos bos

20071222

EU QUIS

muito falar tudo, de uma vez só, olhando nos teus olhos, ou qualquer outro lugar que eu pudesse mergulhar e ouvir meus pensamentos para não deixar passar nenhum detalhe, para não me perder e então falar o que minha boca mandasse sem me deixar pensar, e então acabar com as coisas boas do dia que ainda nem tinham começado. Eu quis mesmo, mas então tu me olhaste e em vez de eu mergulhar no teu olhar e ouvir o que eu pensava, eu mergulhei em ti, mergulhei na tua boca, na pele do teu rosto, na forma da tua sobrancelha - que atraiu meu carinho a penteá-la, naquela sensação de estar arrumando tudo, organizando as palavras que eu falaria dali a algum momento; eu estava só em ti: nas tuas sobrancelhas, e nas minhas palavras ainda ausentes que insistiam em ser ditas. Mas então, não fechaste mais teus olhos, e olhando pra eles eu não lia meu pensamento, só conseguia te sentir dentro de mim. Foi então que percebi que estava perdida na minha tristeza de te dizer as coisas, mas não sabia do que se tratava aquela tristeza. Não, na verdade, eu sabia, mas era tarde para a tristeza ser dita, não achei que iria valer para esse dia, que prometia ser melhor sem as palavras.

Foram algumas horas te olhando dormir, sem te tocar, qualquer movimento teu já bastava para eu voltar no tempo de novo, no tempo em que eu não te conhecia, mas as coisas eram assim também.

Meu contato contigo começou com carícias nos teus pés, mas sentiste cócegas, e eu fiquei com medo de ti, mas fui racional e acariciei o peito dos teus pés, e dali em diante eu só pensei em te dizer tudo, de uma vez só (...) E então eu deitei com o meu rosto perto do teu e fiquei te olhando dormir, mas abriste os olhos e não fechaste mais (...). Percebi que quando me hipnotizas assim, eu não penso, eu não falo - porque tenho medo de falar coisas pra ti sem pensar, mas eu fico bem: quando estou em ti e quando estás em mim.

20071216

reflexos que parecem tremer; tremeluzir, resplandecer

20071211

é mais forte que névoa, mas não mais bonito

Quando eu começo com essa sensação de estar feliz e triste ao mesmo tempo, já percebo em mim aquele quê de borboletinhas cintilantes. Porque é uma coisa que vem de dentro e me engole inteira por fora. E eu fico aqui tentando entender. É assim que eu sinto, exatamente: bolinhas coloridas translúcidas e achatadas, como se fossem papel manteiga com mais luz, piscando sem parar, umas com maior outras com menor frequência, bolinhas parecidas com as que eu vejo com enxaqueca, mas essas aí não doem e eu não vejo, eu só sinto; uma coisa que me faz mexer pra todos os lados: pra voar: pra encostar a mão no céu e essas coisas..; e vontade de ver choro bonito, a lágrima brilhante fazendo o rosto mais brilhante e com vida, avermelhando as bochechas, a boca rindo de chorar, sentindo a vida escorrendo sobre o corpo.

O gel me engole.

20071208

chover num labirinto de chuvas

rodar rodar e não sair: estar chovendo pra sempre num labirinto de chuvas: num momento de estar: eu escorro bem

20071205

como mais aflita

Eu não só me sinto com mais um vidro de pepino, uma maçã, um pedaço e meio de bolo integral de canela e cinco morangos dentro de mim, como me sinto com mais eu. Assim, num sentido de me ter mais a qualquer coisa, de colocar a mão no fogo por mim. Mais do que ninguém, eu sou segura que se eu me trair será pro meu próprio bem maior, e esse bem maior pode até ser eu me perder de novo, mas que faça sentido: maior. Eu fico aflita fico aflita fico aflita fico aflita aflita aflita dentro de mim, eu me acalmo, alma.

Cada coisa que eu não sei mais. Eu tô tonta já de me ter dentro de mim, eu queria me desgrudar um pouco, ando pegajosa.

a pior coisa já foi pior

tenho um enigma dentro de mim: enquanto muito triste eu olho meus olhos, o mais fundo que meu olhar consegue chegar, e choro mais feliz

e sem pensar, isso faz muito sentido

eu me choro (que estar me chorando é chorar mais pra mim que pro choro, é não soluçar, é chorar bonito)

as lágrimas são partes de mim afagando-me, elas fazem eu me sentir

eu escorro

20071201

ainda essa coisa de lembrança

Coisa boa de lembrar é o quanto é bom ser sozinha algumas vezes. E se concentrar na própria respiração, no próprio sentimento de sentir. Sentir-se completa consigo, não precisando de mais nada naquele dia. Sem ansiedade pra ter mais passado, sem nostalgia pra voltar no tempo. Nada. Só viver agora, e sozinha. Como pode, eu, pessoa que gosta de pessoas, quase que o tempo todo, sentir-se completa sozinha? Às vezes penso que é besteira da minha cabeça, mas noutras sei que eu me sou/me vou sozinha. E é isso, vou daqui sozinha quando quiser. Vou-me do que eu penso. Vou-me da minha própria lembrança das coisas. E, não sinto mais aquilo de antes, passou, o passado.

não lembra de hoje noutro dia

Hoje eu lembrei de muitas coisas. Algumas foram boas para serem lembradas, mas outras me deixam ainda apavorada. E, então, o telefone tocou. E tudo foi bem estranho, porque era como se eu tivesse trazido o passado de volta. O passado tem o lugar dele, que é no passado, e nada mais justo que viver o presente agora. Fiquei perturbada pro resto do dia e da noite. Isso não devia acontecer. Nunca mais acontecer. Tenho que parar de lembrar de coisas ruins, elas podem querer voltar. E eu, nada posso fazer; nem falar.

zzz

zzz

20071129

7.1 Movimentos leves
7.2 Comunicar-se em silêncio
7.3 Gentilezas

20071125

esta tristeza pouca não chega à infelicidade

A minha tristeza me força pensamentos incertos, eu fico ainda mais insegura de olhar pela janela e quem sabe ver o que espero tanto, mas infeliz em esperar. Que não demore, que venha logo isso que já sei: como qualquer coisa que já foi e segue de novo, sempre de novo. Feliz de quem é triste e sabe que as coisas sempre pioram e assim, não se entregam a qualquer infelicidade, porque infelicidade tem que também valer no mínimo alguma sabedoria para encarar a próxima infelicidade, e que esta, seja pior, para então valer também. Não me entrego a infelicidade qualquer, tem que valer cada ânsia. E sempre mais.

20071123

descontextualizar; fechar aspas nunca abertas; PASSAR; ouvir o som do metrônomo em diferentes freqüências; chorar a seco; pesar; forçar a cabeça para frente e ficar tonta; lacrimejar o tempo necessário para avermelhar o rosto; bater com a ponta do caderno-capa-dura na perna; molhar as mãos

20071121

O ar parece espuma de tão aconchegante. Já são nuvens e horas de se deixar abraçar por todos os lados: sem olhar pra vida, pro espelho e pra baixo - sem pensar. Deixar-se.

20071111

Vou dormir em Indaial hoje.

Quando o mar me vem a cabeça, logo penso nele sobre mim.

Ele me afoga, mas dali em diante eu já ter passado por ele faz-me saber passar melhor. Eu sei lidar com o mar, assim como sei onde ele vai dar depois que passar sobre mim: não vai a lugar algum, vai ficar assim: em redundâncias. Então, eu vomito o mar - e junto dele toda a amargura da minha vida.

Não sei as pessoas e não sei eu.

20071028

e fadas/névoas

Sabe como é quando aparecem coisas assim na vida: meio sol, meia cama, meio travesseiro, meio potinho de iogurte; duas vezes mais feliz, duas vezes mais triste, dois pedidos no balcão, dois corações pulsando; quatro mãos, quatro pés, quatro vezes a vontade de sair voando, quatro pulmões, quatro abraços apertados seguidos; cinco furos nas orelhas; oito olhos; vinte dedos; incontáveis pintas no corpo, incontáveis bactérias nas bocas/beijos, incontáveis fios de cabelo, incontáveis movimentos e fadas.

Na hora de pensar, pedalando o vento, eu só quero não pensar daqui pra frente/daqui pra trás: dá um terror: horrorizo-me cada vez. Quantas palavras aparecem no ar, embaralhadas, para, com uma só mão, a minha, e alguns dedos e fadas, darem forma para estas coisas que só foram feitas para flutuar de/na névoa: muito névoa, eu chamo de minha névoa.

(Estar de névoa é lindo: é névoa. Névoa é um sentimento: sou de névoa/está tudo névoa. É quase sonho, mas não sonho-bom-utópico: é sonho-aqui-agora: é névoa, oras.)

20071021

Por um momento olhei pro céu bem-branco

e tive um medo enorme da vida e de tudo isto: começo-meio-fim. Queria poder viver tudo junto, sem saber onde estou, não poder pensar em palavras, em vida, em caminho. Que tudo fosse uma coisa só, banhada de gel - quente - e de nós - e só. Não acho caminhos, meu coração bate mais do que deveria neles. É uma coisa intensa, mas eu respiro mais intensamente que a coisa e ela passa. Queria poder ficar sempre eu de um jeito, não essa confusão de ser eu de um jeito/todos. Eu quero teu jeito em todos os meus jeitos. Nada diferente de estar no gel. Um medinho.

20071017

meu céu 2

Acordei e olhei pro relógio e ele não me disse nada. Voltei a dormir. Levantei a mão como se o céu estivesse a um/meu palmo de mim.

Ouvi minha mãe dizer: posso te fazer um sanduíche, Paulinha?

Comi o sanduíche triplo integral com alface/tomate/queijo, ainda de camisola da Minnie e pantufas roxas de pés dinossauro.

Arrastei as pantufas novamente até o quarto e voltei a dormir. E encostei a minha mão no céu.

20071015

Mais porque é de sonho,

de névoa e de alguma coisa qualquer que vi a tempo de correr e abraçar por alguns segundos.

20071004

Entre as coisas, no gel.

20070929

, ,

Ele, pra mim, são eles.
Eles
, pra mim, somos nós.

20070928

Estas coisas são reais.

E não é coisa de entender, e não precisa ser. O melhor de ser real é ser simples. Como espuma de mar ou de suco, encontrar-se só sobre. Quão espessa essa espuma dura, e leve: leve de sonho. Tão leve que te pede, que te dura até os sons mais baixos e as cores mais claras: tão frias que aquecem teus lábios e tua pele em mim.

20070920

Paula diz:

ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu ah! ah! ah! a la queuleuleu
ah! ah! ah! a la queuleuleu

20070919

VAI

Vomita esse corpo que não te pertence!

20070918

um asco, dois ascos

Vi que este pó é tão igual a todos os outros pós quanto qualquer pó que me faz espirrar. Grudas este teu pó longe de mim que dele tenho asco.

melhor tão melhor tão tão melhor tão melhor tão

tão melhor tão melhor tão tão melhor tão melhor tão

O INFERNO É MAIS QUENTINHO

O INFERNO É MAIS QUENTINHO
O INFERNO É MAIS QUENTINHO
O INFERNO É MAIS QUENTINHO
O INFERNO É MAIS QUENTINHO

14 Esperar

Ilusão, Estado de
1 Paixão aleatória 2 Correr e não alcançar nunca 3 Pegar o vento por fora da janela do carro 4 Tontura 5 Vomitar e engolir a saliva amarga 6 Engolir falas de angústias 7 Feridas que não doem, cicatrizam 8 Mágoas esquecidas 9 Felicidades esquecidas 10 Lembranças 11 Amar 12 Esperar 13 Não ter medo

20070917

20070916

Acordei na espera de um presente,

entre melancolia e vazio, entre pausa e enjôo, entre meu sonho e a saudade que tenho dele.

Prestes a chutar o balde, ser livre para partir para o próximo balde e me afundar nele.
Talvez me surpreenda.

20070915

20070914

Janelas significam muito pra mim,

e a minha, pra muitas janelas: imensamente intensa.

Crua,

não sei mais o que é ser alguém. Não trocaria minha sexta pra ficar com uma enxaqueca. Por ela não ser nada: ser crua. Deixar-me nua a vomitar insônia.

_Voltaste assim, tão de repente, tão sem sentido, que não pude entender mais se tinhas, antes, me perdido de vez.

Certamente, nesta loucura toda, nesta janela imunda, só me resta a imensa vontade de estar com as estrelas e não ser mais nada neste mundinho; voltar pra lá, pra não voltar mais pra mim. Ser-me de novo o que era.

Não vale a pena estar entre o gesto nenhum e a dor que nasce e acaba, e sempre assim, com pequenas felicidades.

Vou sentar-me comigo, na minha cama, com a minha alma traiçoeira - porque nem a ela inspiro confiança -, fazendo-me carinho durante a noite, frente a sujeirada da vida.

_Como este lixo todo veio parar no meu coração?

Na distância entre minha vida e eu, na minha ausência, só consigo ver-me afogada em um lindo e verde oceano de lágrimas.

_Porque, nessas lacunas, as coisas costumam ser assim: feridas ácidas e imperdoáveis.

Falta-me não pensar que não me sou; mesmo que amarga de tanto - e prazeroso - vômito.

(Mais um soluço e mais um vômito de palavras e angústias.)

20070913

E foi isso: tirei o dia para comer morangos.

O dia se fez uma delícia. De mar, de brisa, do meu doce cacau; até os objetos em silêncio faziam-se deliciosos. Teu toque, minha pele, o rosto de quem passa e olha. É uma loucura imensa ser feliz assim; não só o vinho, mas também a uva. Quem me sonha como eu te sonho está no outono, num caminho de folhas secas e flores de tons vermelhos e aveludadas. Caiste na minha vida assim como o vento, porque de ar fizeste meu caminho feliz.

20070911

mais uma quase-fala nestas palavras tão, mas tão, indizíveis

Pela segunda vez

fico presa numa roupa. A primeira foi menos angustiante que essa última, a de hoje e de nunca mais. Coisa mais ruim não ser livre de um pedaço de pano qua mal te conhece e já toca teu corpo sem querer deixá-lo. E te agarra, te prende, te envolve de maneira a grudar na tua alma. Quero ser livre disso, sensação horrorosa: mexer os dedos esticados e olhar no espelho com a face avermelhada, o calor, a respiração cada vez mais e mais ofegante, como se tivesse correndo voltas e não chegando a lugar algum, subindo um morro gigante, fugindo disso que prende e sufoca.

Deixa eu ser livre, vestido verde! Não te quero mais no meu corpo.

eu pálida

20070909

Nesta vida tão doce,

um copo bem cheio d'água.
tempo lindo de morrer
morre tempo, morre

(O)) que eu mais quero aqui é sair daqui.)

O ar pra lá é, de um tanto de muitos que aqui não sobraram restos, mais doce. A boca cheia de ar, cheia de doce, cheia de angústia de não deixar escapar estes desejos de algodão. Doce. Minha janela tem tanto sentimento quanto esta brisa gélida, eu pálida e o céu azul-céu. Diante da minha vista, quase uma lembrança boa daquelas manhãs em que eu acordava, olhava pra baixo, olhava pra cima, pro céu e pro calor das vidas que eu tanto amava, e por minha razão, só amaria à elas. Eu permanecia alguns instantes estática, com os olhos cerrados e a boca a fim de desmaio, pensamentos nulos, ocupados por sensações daquilo que eu chamava de praia. E, equivocadamente, eu me enganava. Estava apenas na vida, na ida pra bem longe.

20070906

Bactéria arredondada, ninho de sabiá.

Bactéria arredondada, ninho de sabiá.
Bactéria arredondada, ninho de sabiá.
Bactéria arredondada, ninho de sabiá.

20070904

salamaleques

20070903

tempo

Consigo sentir o cheiro da minha casa, a fumacinha da chaleira embaçando o óculos logo de manhã, café quentinho, geléia de morango, a Mini olhando minha bolacha àgua e sal tão profundamente quanto minha vontade de não acordar mais, quanto a minha vontade de voltar a ser criança e andar de cecisinha rosa pela rua Acre.

Meu nó tá nu.

Meu nó tá nós.

20070902

1 Inflamação no encéfalo;

2 Andar devagar;
3 Ver através da névoa.
Li: Decúbito Ventral

Rascunho.

Exatamente nesta noite, a vontade imensa que me consome pouco a pouco me jogará no chão, expremendo até a última gota de loucura que me resta para sair daqui. E com os olhos violentamente fechados, eu enxergarei muito mais do que tenho observado de mim, nos meus últimos instantes. Seja como for, não sobrará ninguém a quem eu tenha que me desculpar ou dar satisfações. Enchi-me, então, de ar; tanto ar quanto o sufoco de não tê-lo mais. Procuro cansalvelmente voltar para a minha vida, essa já me bastou de agonias e sufocos. Eu quero a minha mãe, tudo porque sou uma caçula gordinha e mimada.

20070830

Os amores da minha vida,

daqui pra frente e daqui pra trás, serão a gula e a preguiça. Se eu não entendo o que eu penso, elas entendem. E se eu me sinto sozinha, elas me fazem feliz.

falta

coerência

Ralar queijo e picar amendoim.

Foi no mesmo momento em que tranquei a porta e deixei a chave do lado de fora. Entre a fechadura e eu, estava a chave do outro lado: só eu tinha o poder de colocá-la mais seguramente à minha frente. Um sentido se fez: não haveria ninguém para me obrigar a fazer isso. Eu poderia, muito bem, deixá-la lá, para que, talvez, nos próximos instantes, alguém me trancasse ou levasse a, até então, minha chave para algum lugar distante da minha, e da chave, fechadura. Quando que eu poderia imaginar que ao colocá-la para dentro da casa, ela forçaria minha ausência de pensamento a girá-la no sentido contrário? Ela me forçaria, então, a não provocar mais sentidos pré-estabelecidos, entre a fechadura e eu.

20070829

bça bça bça

20070828

(pessoas são sempre meio-más)

Certamente,

a mãe-gorda escondia por trás de suas vivências um punhado de alívio. A chuva ainda caía, como as lembranças de um tempo bom, em gotas grandes e gordas. Aquele cheiro, tanto o da chuva quanto o da sopa que a mãe-gorda preparava, trazia a todo instantezinho uma alegria de máximo grau, estonteante, e fazia a dona-mãe chorar, de alegria, de agonia de tanta alegria. Calmamente, a mãe olhou para trás e ao invés de medo, lixos, mágoas ou porções de sujeira (as quais foram imensas, e foram), percebeu, sem intensidades demasiadas, uma vida boa (assim: simples e boa). Foi quando a chuva começou a assustá-la ao bater violentamente nos vidros da janela, chuva pesada, que lavava tudo novamente. Não poucas vezes, a mãe-gorda via a mesma chuva, lavar a mesma vida outra vez; e, nunca demais, toda tristeza de qualquer alegria que tenha, sim, sido demais, sumia... E aí, sem dúvida, calava-se num silêncio a não pensar mais sobre a vida, e passar esse tempo inteiramente a ouvir a chuva, chorar e sentir o cheiro de sua sopa, que já estava quase pronta, verde de brócolis e de tanta vida.

Amarga.

Algumas situações pedem ações cortantes;
alguns conflitos(-fechados) intranqüilam insetos passados.
Trêmula, bebo um copo cheio d'água,
água cortante e gelada.
Situação onde bebi uma des-angústia.
Des-angustiada, cortada e tranqüila.

20070827

pensamentos sobre vida

Maria Antonieta diz:
sao coisas (estranhas) da vida
Alícia cara de Patrícia diz:
só em ser viva já se desconfia que seja estranha a coisa

estrume e/ou estorvo

transbordaram tantas palavras amargas e tanto quanto, suspiros enjoativos; são todas, as palavras, indizíveis
ratatatatatatatatata

não não nãã

Pessoas cansativas não se calam nunca. Aquietei-me delas por alguns momentos. Preciso ficar sozinha, mesmo nesse meio; delas.

Atirei-me de lá e a vi, tão fácil, tão linda. Minha falta não me fará mais falta. Sempre demais, eu sumo. Aquietei-me ao jogar-me contra o espelho. A vida dói.

O que é isso? O que tanto me falta senão minha falta? Estou cheia demais. Venho me consumindo, transparente, escorrendo à vida.

20070822

Toda vez que olho para o céu, vejo o mesmo céu, mas nunca a mesma nuvem. Nuvens não se importam em ser vistas, nem sentidas. Não busco mais trazer nuvens para dentro de mim. Não fujo mais de nuvens também. As nuvens vêm, são vistas e sentidas, e passam.

tens


paixõezinhas de peixe: sanguinho rosa de morango

ENFIM. Não demore a correr, please. Vou chovendo até não restar mais doces de mim pra qualquer alguém. Minha carona eu não quero. EU NÃO QUERO, sou mimm desde que empurro o cabelo pelo braço do sofá. Quando a tua sombra me beija? Não vou me curar nunca, sou sem mais. Do fundo dos meus olhos, brilham, preciso disso. Morde e rrrrr. As coisas estão amalgamadas em penumbras e sonos e sonhos e coisas de borboleta. Pra mim isso não existe. Docinho, sou apaixonada por ti. Meu docinho, e penso, e te como, mordida a mordida me acompanha na rua, nessa música de ser bonito. Eu te quero coberto de chocolate, de brigadeiro, com cafezinho e açúcar; teu açúcar mais em mim, estou farta de saudade. E livre. Livre de ti.

Não diz nada dentro desta moldura. Sai. Sai de mim, saudade! Eu esperei má. Não estou dissss. Por toda parte, exatamente onde em tudo tocaste, tiro teu cheiro. Eu fico desess.

Foi/fui. Minha cãibra, teu cheiro. Número 3 ou 4. Eu sabia que tudo daria errado, e cá estou, contra a parede. Encrencada. Eu amo encrenquinha. Sou. Dançando quase-maluca, chorando e com medo. Comendo cheiro de tangerina. Gomo de cima pra baixo num impacto.

Deixe-me não pensar; não ver. Não existes. Eu fico bonita sem ninguém. Alfinetes vermelhos nas coisas boas, nos olhinhos. São bonitos. Acho que ele sabe; agora, outro. Peixinho me beija até eu nascer e me afogar em ti.

20070820

Faz eu ver mais uma vez que tudo não passa de qualquer coisa.
*************************, dá-le paciência.

Minha vida: meu peixinho

Peixinho: Peixinho faz biquinho, peixinho.
Eu tenho cãibra com freqüência, peixinho.
Peixinho:
Vai ser feliz, peixinho!
O hidrogênio reflete azul, sabia, peixinho?
Peixinho disse pra eu colecionar alfinete bonito vermelho.
Eu amo meu peixinho branco.
Peixinho me disse: transparente-se.
E disse ainda em seguida: sê-la!

20070817

minha névoa, hoje em vírgulas

lua fininha brilhante, vestido vermelho e chocolates, percevejo

20070814

nnnNIG

commm qu eee ú na m p sssssssss um mmeem óóória
mei q qu sssse um a a sussssssss q ueueue n ssssssssssssssss vir d cos ttttt
m snt iiiiiiiiiii pres d in ícc vv ce sa b
qq ueeeeeer enig
maa ueue

((((((((enig
maa
enig

maa((((((()(
névoas me agradam alguns bocados

-se de sonos e névoas

Quando eu penso, e só,,, em qualquer coisa que não me influencie a pensar mais (e muito menos do que pensei), eu acabo por não pensar again. Logo, eu vivo e não me penso em nada que vive. E só. Parariam SE, parariam se, pára riam-se, pariam-se. Caso, ao acaso, eu viesse a pensar novamente, pesaria-me a tua pessoa. Mas não, quase que simples, tanto faz. Quase, e sempre quase, que não sei. Sei, e simples redundante, que nada mais me é. Só sumi. Eu sumi, e simples, sempre, e quase, quase que também, denovo, de mim, de ti, de sonos e névoas.

20070809

outra lacuna, aqui

(...) aquela vez, sob uma árvore e sol, bateria e barulho. Nos óleos piscantes, enche nossa volta toda de gente. Quantas vezes olhei e não via suspeita nenhuma. Respirei alguma neblina aquele dia. Saí com uma mancha (quase-batida) linda e roxa na perna. Aquela mancha não esqueço nem que não me doesse ainda qualquer estômago. Durou muito tempo, que hoje parece pouquíssimo. Foi a minha vida de mim, carrego ainda a saudade da batida.

Uma coisa, contudo, eu entendi: as coisas não têm sentido porque não não não não não não acontecem. Se alguma coisa tivesse sentido, ela acabaria em não ser uma coisa, seria qualquer coisa que pudesse permitir "não ser". É essa coisa que "não é" (como a minha linda batida roxa) que eu quero pra mim eternamente. Enquanto ela não cai em mim, eu sou, sem sentido nenhum.

20070730

eu vivo para esperar névoa

Conseguia ver de longe o que me faria feliz. Mas me é só uma eu. (Eu me perco no meio de mim. Nem me tenho, na minha essência, mais; dispersei tanto que nem sei.) Em quantidade, era demais pra mim, não sei o que faria com tudo. Eu pressenti que tinha me perdido, mas não voltei a olhar aquela minha felicidade. Eu seria, dali pra frente, alguma coisa menos real. Não só eu perceberia o quanto menos. Fiquei mais que feliz alguns instantes, esses instantes me bastaram de fantasiosas sensações. Já senti a mesma névoa outras vezes. Elas são lindas! "E, deslumbrada de desentendimento, ouvia bater dentro de mim um coração que não era meu."¹ Foram névoas que passaram-me como brisas, suaves, mas são névoas pesadas, carregadas de sensações. Névoas meio mágicas, paralelas a qualquer coisa que seja real. É uma dimensão a mais, guardada para as minhas névoas. Senti-as algumas poucas três ou quatro vezes. Em meio ao meu pensamento, guardo-as nas partes mais prazerosas da memória. Outras pessoas fazem parte delas (mas não sei se elas fazem parte das outras pessoas), é aquela sensação de paixão. Não qualquer paixão: paixão e aroma de morango, suave e (vibrante) vermelho; sensação de chocolate quente (chocolate quente é carregado de paixão); e de afago, macio e profundo.

¹Clarice Lispector

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana

20070729

viv eeeeee n pen rrrrrrrrrrr

Eu sou meio assim: escrevo e não penso. "Viver é não pensar"¹ Escrevo palavras, pois, vivas. São poucas e rasas, intensas em mim. As palavras me acordam, tiram-me da água, tiram-me ar. Enquanto penso em ti, penso superfície; trancrevo-te e sou profunda. És, paradoxalmente, intenso e suave. Pesas-me. Nascem ainda mais reticências na minha cabeça. Pensamentos de petit pois. Vou me enrolar, sou nó num ovo. Enrolo e vibro em vermelho. Quase que um ponto, formada de vários nós. Desnoda-me.

¹Fernando Pessoa

um nada a mais de amor e essas coisas

Amor é coisa individual. Eu sinto o meu amor e não o teu. Sinto como me amas, mas eu sinto o meu amor de como me amas. Não tem como dizer como eu te amo só dizendo que eu te amo. Pois te amo do meu amor (............) Nunca vou amar mais ou menos que tu, é amar e só. Mas como eu disse, amo-te do meu amor (como se amor fosse feijão: escolhe; vê que os grãos são diferentes; mas no fim, dá tudo feijoada). Amor é meio morte, precisa de muita explicação, porque não se entende. Um amor morto deve dar grande trabalho. Talvez por isso amor é coisa que não morre. Ainda sinto o amor da primeira vez que amei. Sinto o mesmo amor e nunca vou deixar de sentir pelo mesmo meu amor. Eu tenho amor guardado. Tenho feijão guardado também. Se amor tivesse ferro (como feijão) iria facilitar minha vida. Sinto tanto amor, nunca seria anêmica. O amor está no ar, com ferro ou sem (queria mesmo que fosse com). É uma delícia este punhado de ar. Uma possibilidade, talvez, seria colher ar por aí. Brígida Baltar colhe neblina/maresia/orvalho. São lindas. Mas pensei, já tenho tanto amor aqui, estou louca de querer mais. É não, não, não. De amor eu já me basto. Idéia de gerico.

entre uma coisa e outra tem ar

Não odeio a calma da vida. Odeio aquela coisa de respirar pesado, poque muita calma tem no ar. Não me agrada nem um pouco que seja a demora pra viver uma agitação pouca. Pois é assim eternamente: quando é pouco, vive-se devagar; quanto é muito, rápido. É isso que eu odeio na essência. Poderiam as coisas se inverterem, seriam como café quentinho com chocolate no inverno. Penso, logo, que a tristeza seria menos viável e que os suspiros aconteceriam mais leves. E como a vida, mais leve, seria igualmente (do tanto de mais) mais fácil. Porém aí acho que houve um engano. Se tudo viesse a ser (mais) incoerente, leve não seria fácil; seria, então, quem sabe, um punhado de pedras que não escondem facetas de tapas. E de tapas uma vida não me sensibiliza calma. Mas é da calma que fujo, oras. Então tapas me vêm a calhar? Pois, não é bem assim que pensara antes. De calma, quero a vida pesada e difícil, então calma também. E não tapas. Em contradição, se tapas vierem "do tanto de mais" difícil, seria como café quentinho com chocolate no inverno.

20070728

mundinho podre

(um parênteses ao que não me agrada nem um punhado de pedras na vida; é uma - muitas - morte que não se entende e se provoca sem nem pensar que é uma morte, pois, claro, não é a sua e nem de sua mãe. Guardo-me disso com um punhado de pedras na mão, para quando achar o amor - que não se entende igualmente - pela morte em excesso - ou em desexcesso, o que traria o desprazer do morto da mesma maneira, seja ele um ou muitos. E jogo a primeira pedra, ou a segunda, e já joguei muitas, de uma alma sem mais vida. Que não, não é a sua e nem de sua mãe, não se preocupe.)

20070725

Porque olhar pra ver o que passou é só pra ter certeza do que engordou chocolate na vida.

A vida engorda. É papo! Meu grito teve o acontecimento sentido por mim. Só um instante e penso céu azul, lindo de morrer neste mesmo instante! É pele fria, é vento e céu de morrer. A pele resseca à céu aberto, mas a pele renova. A pele é minha. Resseca quando eu bem entender seus sentidos....... Na grande parte, chocolate amargo (de sentir sede); e é quente e me aquieta em companhia. O que me basta em pele (fria, ainda).

20070723

21:53, again...........

20070722

um embaraço, um abraço

(Ê: gripe, febre, tontura. Mas é isso mesmo: gripe, febre, tontura.) No mesmo ponto: um embaraço, um abraço. Um valorzinho para as coisas desúteis. (Eu quero sempre mais ser pedra. Volto, e vou; e vou, e volto.)

20070721

Sempre, sempre, às 21:53.

(J)

Já era hora de ficar doente mesmo. Estou falando comigo aqui porque o espelho não me aguenta, porque a janela não me aguenta, nem a tv, nem o teto branco, porque eu não me aguento mais. Lacrimeja, seja o que for: lacrimeja gripe, lacrimeja tristeza. Não me importa moral, nem postura, nem porra nenhuma que seja.
Cansei das coisas, vou esperar alguma coisa boa cair do céu na minha cabeça. Não procuro mais nada. Pra mim, já foi o que era pra ser e agora nada mais.
Lágrimas passam como lagartixas; passam-me lágrimas de lagartos.
Vou-me, pois, como nunca fui, de mim; não volto mais.
Alguma coisa me chamou e me disse: Pára!
Pois bem, estou parada. E (com ênfase nele), calo-me.

20070718

;

(e então percebe e não esquece mais; não passam de significados sem sentidos, com excesso de)

as coisas não mudam

Não que eu tenha alguma coisa a dizer sobre isso, não que as coisas sejam boas ou ruins: elas caminham e caminham e nunca chegam a lugar nenhum. Espero que as coisas parem mesmo de acontecer, que tudo continue a mesma coisa, que passem sem parecer passar e que sejam rápidas. Não aguento mais muita, mas muita coisa. Quero ficar sozinha com meu filme e minha pipoca quase queimada. Quero também a Mari, a Naiara e o Miojo, aqui, agora. E que venham Luciano, Malu, Bolinho, Marcio, Bio e todos que eu adoro demais.

20070714

again

É. Tremi-me toda. Pensei que ao acaso eu olharia pela janela e o vento me traria minha névoa de hoje. Não mais haveria névoa em mim (hoje)? Entendi. Onde estaria ela? Para, então, eu olhar através... Estava eu ali no centro a olhar para baixo, e de baixo para cima, e de cima para os lados; movimentos redondos. Eu vi céu, vi nuvem, vi sol e vi trovão, esse último ontem.

20070712

Meu chá de hoje:

Ingredientes: Frutos de Erva Doce
Pipinella anisum, L.

(Eu sinto uma coisa toda a vez, deve ser o Pipinella anisum.)

20070711

Cada vez mais, cada vez menos


As pessoas são assim: têm infinitos planos e ideais. Quando percebem a vida, elas mudaram. Quanto menos, quanto mais. As coisas valem sentidos na vida, muitos sentidos. Não sinto, suscito coisas novas. Pra mim, não pra ti. Suscito pra mim e sinto pra ti. Alguma de algumas é um nó. Fazem nós - de nó - sentidos e nascem, então, novos nós no mundo. E de nó em nó, pois, o mundo cresce e cresce. Ele confunde tanto de tais, não há mais laranja pra tanto nó, minha vida. Explica-me agora, de onde as coisas vêm e pra onde vão, hein? Não há dúvida que tudo não passa de um.

20070709

,

Sinto, mas isso não quer dizer nada. Desde quando tais sensações querem dizer alguma coisa? âhn?
É um espaço-tempo que não me sinto mais. Querem dizer nada! Que fiquem onde estiverem e não me apareçam mais com especulações, repugnantes sensações!
Quer não dizer, não diz! Me neither,, Não, não quero nada. Nunca mais vou querer nada. Não me venha mais com sensações, elas não me querem e,,,,

Me neither,

Me neither,
Me neither,
Me neither, Me neither,
Me neither, Me neither, Me neither, Me neither, Me neither,
Me neither, Me neither,

Me neither,
Me neither, Me neither, Me neither,

20070707

éé..............................

Estas coisas de pintar cabelo de chocolate, unha de licor ou de tomate, também de chocolate, ou café, ou o que for pra ser, que seja!

E só, sabe?

Como já vivi, nossa! Só hoje, e só, já vivi umas três vezes. É sim, eu vivo em mim mesma, comigo mesma, outra eu. É, é assim: eu me vivo numa trajetória e aí, dependendo dos seus caminhos/fases/falas/alegrias, eu fico assim ou assado(a). Aqui fico assada, é quente demais, ó céus!

Suc-ção

É alguma coisa de intersecção, secção; sucção, entende?
No sentido de estar sem roupas na cozinha - e ao mesmo tempo no quarto e na sala - e sabe, sim sabe, que tem algo de fio ou corda no meio de ti. Assim, na casa toda, dás um passo e és cortado ao meio, és dois por alguns instantes - e és.
Da cintura pra cima, eu; da cintura pra baixo, tu. Múltiplos, múltiplos cortes em quem passa. Em seguida és sugado pelo tempo. Suc-ção. SUC SUC SUC. Fostes suc, querido.
Sumi da cintura pra cima. E da cintura pra baixo, ah: sumi também. Não tem nada de mágica aí, só intersecção e sucção, foi. E agora só uma coisa: não mais.

20070706

PARA SÁBADO

ACORDA. TOMA BANHO. COME. GUARDA AS ROUPAS. LIGA O PC E ARRUMA A CAMA. NÃO ABRE O MSN. ABRE A JANELA. ESCREVE SOBRE O LIVRO DO DELEUZE. ALMOÇA. TERMINA O LIVRO DO DELEUZE E COMEÇA O OUTRO. COME. TERMINA O OUTRO - ANOTAÇÕES SOBRE LEITURA E NONSENSE OU ALICE VERSÃO COMENTADA OU JOGOS E ENGANOS. COME E VÊ UM POUCO DE TV. DORME,,,,

amor e coisas

Sabe que, às vezes, eu não sei quando devo parar de pensar em algumas coisas. Mas eu paro, mesmo assim, sem saber - nunca - de nada. Algumas coisas parecem tão insignificantes - ou seja, não têm significado (não parecem ter), porém isso não significa que elas não possam ter desígnios ou apontamentos, sejam eles verdadeiros ou falsos, condizentes ou não com o seu (a)significado (ou o que seja) -, estrala sim, estrala os dedos. Eu sinto saudade de ti, meu amor - e isso não significa que esse amor tenha significado, o que ele pode ter é um apontamento, seja ele (o apontamento), verdadeiro ou falso.

20070703

COME

COME ALGO
COME ALGA, COME
ALGO COME
ALGA COME ALGO
COME ALGA, ALGO
COME ALGA
ALGO COME ALGA
COME ALGA; COME ALGO
COM'ALGO
COM'ALGA
COM'ALGA-ALGO
GAGO
GA-GO
GO.

Poesia Desafinada de Criança Matuta

Quando eu tinha entre 8 e 10 anos, mais ou menos, escrevi um livrinho de poesia: "Poesia Desafinada". Fica dentro de um saquinho vermelho de bolinhas brancas que minha irmã fez:

(algumas)

Uma xícara de chá
cai ao lento ar
que balança ao se reprimir
sem dó de se levantar.

Sozinho
Sossegado sem
Susto Sardento
Soprando:
SUMA
SUMA
SUMA
(sem silêncio)



Sol bébe amarelo,
bêbado amarelaDO

Sopa de leg
umes, linhas ent
relaçadas entre o
tomate, lin
has que dizem-
se ser mac
arr
ão



Longínquas
línguas
de areia e
patas de
água salgada.



(LHO(BA(É(CI(SI(O)LÊN)O)O)RU)BAIXO)
Saiba viver
Saiba calar-se
Saiba viver
COMENDO
ALFACE


A vida que V
ive sobre a VID
a vivida VIVE
ndo a vida VIV
ida
viverá a
morTe
morTífera!

-- O
sono
do
dia
Rompeu.............
o sono
RouBADO
____________
QU
E - o -
dia -
- r
o
u
b
o
u
Da Noite!



o sopro do vento é sempre um soro de sorriso soprados pelos sopros escorridos pelo riso que faz rir a risada de todos os seres vivos e brutos da vida de seres que possuem a terra do espaço _escrito em "espiral"

A SOPA DO SURD
O TINHA UMA SEM
ENTE DE SARDINH
A SUBSTITUIND
O O SILÊNCI CO
M SALSA DE SA
L SEM SALSINH
A!

[...96/97/98...]

20070702

De oisas, coisas

Quanto à minha angústia, a qual se faz (me faz) tão intensa hoje, não me surpreendo. Algumas horas passam, mas não se deixam passar. Tamanha ânsia que sai de um nada do meu estômago.
Não me separo mais, as pausas todas empilham-se sobre o chão que não me pertence. Sou um aglomerado de coisas, de coisas, de coisas e etc.
Como farei-me um vômito a menos?
É vômito, fala e falha. Falha tudo entorno, lançar da boca: urucubaca.

- Pensei de novo em morte, minha, dos outros, etc, ontem.
- Não pensa, vive, des-vive e chora!
- Como eu chorava, nem conto, chorava e olhava a janela que nada me dizia.
- Digo agora: isso não termina. Você termina.
- Não quero de ti, quero da janela, que me aborrece e me agride.
- Não vomita de novo!
- Limpei ontem, não custa nada...
- É um vício né?
- Sim.

- Acho que algum Deus deve ter por aí. O céu é tão grande, dizem, já ouvi, que é lá que ele fica.
- Tem é nada! Agora tem aqui é vômito por tudo quanto é lado. Oras!
- Alguma coisa a gente tem que amar, o que já não sei mais. (LH)
- Não pensa. Não sei pra que pensar! Pensa em não pensar.
- Isso não está certo. Sinto ânsia de creme. Assim, sabe, como maionese.
- Nem se interessa, só você entende mesmo.
- E daí? Isso não muda mesmo.

Sabe que quando era criança, eu me achava chata-de-galocha:
Não me aguento de tão chata!
Dor-de-cabeça, que novidade!
O dia inteiro mal-humorada.
_1997 em média

E NÃO MUDEI NADA. ALÉM DISSO, NÃO SEI MAIS,,,

20070628


Essas coisas todas -

20070626

As coisas da minha cabeça não saem de mim; da minha cabeça, não coisas minhas (...)

Algumas coisas

Não. Não é bem assim que as coisas funcionam. Estava esperando Ontem, há pouco tempo, até que Hoje veio em contraponto: cercada de impossibilidades.

Quase que desisto das coisas; não bem das coisas todas, mas das coisas da minha cabeça, e que fique bem claro: não são coisas minhas; são da minha cabeça.

20070625

NÃO-EU

Suponho que chegou a hora de vomitar enganos da minha vida: que não sei mais quem sou, que não vejo mais nada que não eu, que eu; que alguém poderia ver ou imaginar. Nem percebo mais palmos ou palmas da minha mão em mim; quase vejo meu reflexo de algum dia que não sei qual, na minha janela, no meu armário da cozinha, na tv, no monitor do pc, no óculos, nos próprios espelhos da casa e até na unha-cor-de-quase-tomate-equivocado-num-tempo-frio-que- deveria-ser-quente. Na colher, na faca, na panela. Estou em todo lugar e ao mesmo tempo em lugar nenhum. Uma imagem não é nada. Nada é nada. Estou de tempos-em-tempos em nada. Quase que não sei o que quero, logo vai embora a certeza, mas eu puxo, eu puxo pra mim o que não é de mim; pra mim o que não sou é mais eu do que eu mesma posso me sentir. Sentir é brega, a vida está, e somente está, em pôr os pés no chão e não olhar pra lugar nenhum que não pra frente. Seguir o vento, sem ultrapassar nada, nenhum limite, tranqüilamente mar, tranqüilamente mar-morto demais.
NUNCA FUI ASSIM. NO ENTANTO, AGORA ESTOU MAIS SEM MIM; E MAIS NA VONTADE DE EXPLORAR MEU LADO-NÃO-EU. SOU NÃO-EU POR UM BOM TEMPO, OU POR TODO O TEMPO QUE TENHO EM MIM AGORA.

20070619

Alto, da escada pro chão

Agora a pouco pulei alto, da escada pro chão, estava de molas, estava molenga. Espreguicei-me tanto pela manhã, pois virei molenga escada abaixo. Corri Lola, Alícia. (Sinto falta da Lola.) Andei pelo corredor, corri de novo. É clichê, mas uma borboleta me perseguiu. Achei lindo, clichesisses muitas, mas continuei a achar lindo! O dia está com um sol, lindo como a borboleta. Senti-me tão feliz, estranhei aquela ausência de falta (nonsense, viciei) de sorriso inteiro por dentro, consumiu-me rápido e não foi; não foi, ficou. É galerinha, tô aqui bem feliz, hoje. Sinto bem, com cólica, bocejo e uma futura-hoje perdida noite. Eu almocei, pulei, dancei em pouquíssimo tempo; como se o não fosse ter mais. Parecia, clichê idem.

20070611

MIVARO

V O M I T A R
V O I
T A
M I
I M T A R
M I M
V O A R
M A R
M I A R
A RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR

Me-em excesso

Gente!(?) Só falo de mim, só falo de mim, só falo de mim (...)
Como se eu não falasse nada, falo comigo mesma, como poderia falar de qualquer outra coisa?
Nasci comigo, sou eu e falo comigo de mim.
Talvez, talvez não, suponho uma grande certeza nisto: sou tão sem mim que me tenho em excesso!
Ando ficando com lógicas ____________________.

Concretas são as minhas vidas sem mim, Alícia. Não vês? Vejo tudo como se fosse pálido e gélido. Foi pálida e gélida que me encontrei. Olho demasiadamente pro céu, que não me oferece nada... Ah não, o Sol. O Sol me cega, nubla-me (conheces hein?), o Sol faz um ninho em mim. Eu ouço o Sol tão, mas tão alto e agudamente insuportável, que me estremeço, danço-me em mim rápido; giro, giro, giro. Eu olho e não vejo nada, poxa! Que direito eu tive de fazer comigo, isso?
Não conheço uma paz que me descanse, now. Ah, claro que conhece, Alícia. Não vem colocar pato pra fazer Yoga no rio Vermelho! Sabes então, aquele silêncio que me tomaste outro dia? Vi-o passar, esqueceu-se de mim. Quero meu silêncio de volta, Sol! Sol! Sol!

_Dei nó!

Enrolei tudo na margem de um nada; inspirei o um nada oposto à ausência de um tudo. Nesse nada vi excesso de tudos, tudos essencialmente carregados de sem.
Sem-som, sem-cafeína; meu desejo despedaçaria qualquer cortina, qualquer feltro, qualquer pelúcia que aparecesse por um desses sem.
Sou sem, sou tudos: excesso de desejos, qualquer que seja a minha altura ou loucura (porque dessas aprendi algumas coisas nos últimos tempos), vou buscar, infinitamente alto, sem-fumaça, qualquer que seja, qualquer que seja.
Enrolei, de enrolar, dei nó! Dei vários, cansei de linhas sem-amassos. Cansei de ausência de sem.
Sem-quem, sem-bah, sem-literal-poá (de pois, de-pois).
Permaneci numa neura, sem-neura propriamente em si, isto é, como deveria ser exatamente. Dei várias, várias neuras. Dou neura quando fico assim, sem.
Sou isso mesmo, nem sequer ligo ou te ligo, ou ligo qualquer Lisa, sem-amassos. Odeio coisas sem-amassos. Falta sem demais para terem alguma altura diante da minha vida.

Sinto-me chubby

Estou aqui e sinto que não estou. Sabe, quando você percebe estranhamentos tão, mas tão alongados e chubby's que não vê nada ao seu redor que comprove sua presença, até mesmo física. É como se fosse uma projeção do que um dia possa acontecer.
Eu sinto isso, agora.
Como se eu estivesse numa realidade prévia da minha vida, uma realidade que corre paralela a ela, com a velocidade alterada e sensações superficiais, meio como um resumo em itálico (propondo-me sempre aquela coisa de velocidade, irrealidade, alteração ou negação de sentidos).

20070610

Como resolver seus problemas em três etapas:

1 Respira, respira, respira
2 Não pensa
3 Fica bem

20070609

_________

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Nublo-mê!

Meu pavor de janela não depende mais de mim, depende dos cheiros. Tenho pavor de cheiros; não obstante, pavor de janela. O inverno faz com que minha casa feche os cheiros e a janela. Não consigo gelar-me mais, e mais, e mais, ao que o inverno gelou-me hoje, infinitamente fosca. Nublo-me, nublo-me, nublo-mê!

Deitei-me e espiei (-me n) o céu. Um quadrado de céu azul, variado de nuvens e cinzas humanas, tapando meus desconcertos para o futuro, que já me bastavam por não serem; insatisfeitos, sumiram.

Marimus. (Não sei que graça vejo em escrever as palavras ao contrário. Parecem-me bonitas, inacessíveis, insaciáveis, espontâneas. Como se eu estivesse a escrever códigos, como muito bem eu fazia, uma vez, ou algumas muitas, em Indaial.)

Meus dias aparecem sempre mais pra mim, um tanto ou dois, chatos. É, insignificantes e chatos. São nublados de sabor e evitados de cheiros. Insuportáveis cheiros.

(Estoy hablando, freneticante, cosas absurdas. É b de vaca ou b de boi?)

Dois mil e seis 2

Eu quero uma fala de barriga vazia. É cômodo vomitar a fala com sensação de finalmente. Desta vez pretendo economizar vazio para ficar quieta - observando o teto até ficar tonta. E depois, vomitar a barriga. Aí falo sem vazio. Sem nem vazio na barriga. O buraco do vazio da minha barriga vomita uma fala vazia.

Dois mil e seis 2

Eu tenho alergia de quem fala pelos cotovelos.
Eu, às vezes, tenho alergia de mim.
Então, fico quieta.

Passe bem, meu bem

Algumas coisas passam, outras prometem, sempre prometem passar.
Espero da vida que ela passe. Passe bem.

isti

isti

DES

Dois mil e seis 2

Esvaziar a cabeça de ar. Tirar o rei da barriga e depois fechar o umbigo. Aperta o ponto entre o dedão e o dedo indicador da mão direita. Aperta mais forte até cansar a mão esquerda. Começa a enjoar de novo. Parece que o rei da sua barriga decide incomodá-la por mais um momento. Percebe um buraco dentro do estômago, negro. Não há fim. Precisa de mais ar na cabeça. Arrepende-se de ter tirado o seu excesso. Tenta recupera-lo. Desta vez pelo umbigo já fechado. Antes, o olho chorava ar. O problema será o ar subir-lhe à cabeça. Levará quantidades de alimento. Através dos olhos, vômito. Restos digeridos de cenoura, batata e macarrão ao molho de tomates frescos (já não mais frescos). Mais um almoço a menos. Os vômitos ausentes sumiram no buraco negro. Não precisa mais esvaziar o corpo. As coisas - todas - somem dentro de si. Sem sombra de dúvida (e isso significa que, ou a dúvida não tem sombra, ou não a trouxe consigo, ou, se tem, não está por perto), está vazia.

(Uma pessoa vazia vale mais que duas cheias de vômitos mal resolvidos.)

Ácida, gélida e pálida

Abraçava-me sempre e ruia-me ao vento
Esse que, quando eu sentia passar,
empurrava-me aos teus braços
Lentos, lentos passos
Quando irei fazer em mim?
Fracos, longínquos, olhares baços
Na gélida e pálida saudade,
hoje.

20070607

Não passa, não passo

Eu não passo de milhares de palavras desconexas e silêncios sem significados, eu ja conheço em mim mesma todas as vontades de chocolate e de vômito. Saio de casa e respiro o ar gelado que resseca minhas vontades e minha garganta. Sei que essa vida não passa de chuva em céu aberto.

20070604

É como se corresse sem sentir o chão. Eles não me vêem mais como eu era vista. Eu não vejo mais neblina que possa esconder.

20070603

des des des des des des

Deixar preocupações quanto à lembranças (agora, nubladas). Deslembrada.

1

/Alícia 1 Tenuíssima partícula de terra seca, que diz o que quer, sem medir conveniências. 2 Uma unidade num grupo de pessoas, animais ou coisas de que é parte, ou um conjunto, formado de duas ou mais partes, desse grupo. 3 Alguma coisa, qualquer coisa. 4 Dificuldade ou complicação, contradições que podem não ser tão bem percebidas. 5 Duas dúvidas. 6 Ato ou efeito de pensar de novo, em forma de repolho: gordo e rechonchudo. 7 O último passo antes de molhar o pé na água do mar. 8 Pensamento-quase-fala fora de ordem. 9 Inflamação no encéfalo.