20121128

tratak

pra dias noturnos, tardes ventosas, manhãs sonolentas, noites orgânicas, deitas no sofá, sonhas, pegas as coisas sensíveis no ar, envolves na fronha, esmigalhas, danças farfalhas, entregas às vistas, às pistas, alpistes, alpinistas, equilibristas de memórias tecidas, vividas, desmedidas, vorazes, incapazes de poucos rios.

20121126

p/ tokyo:

gulodice de poliglotisse missen

20121119

sobre estar mais ou menos,

se perceber minguando, dormindo sem espírito, ausente de charme, carente de abraço, corrente de braços, partida de bruços, debruçada na rouquidão da noite, embaraçada aos delírios, emitindo miados, falhando de segundo em segundo, vivendo errado, talhada nos dias, junto a bezerra, coitada, fazida, punida, torta, ondulada até na alma, sobretudo inclinada ao desaforo, espatifada, parada, cocada, covarde.

entre a dúvida presente e o desastre por vir:

20121113

114. sem mais.

subir numa árvore e ficar arrancando lasquinhas do tronco. por alguns dias. sem menos.

20121111

queria ser idosa, mas hoje pensei: puxa, até que tá bom ser jovem ultimamente.

é, acho que sobrevivo jovem e feliz por mais um tempo, mesmo que não tenha muito dinheiro pra aproveitar a vida e que a sociedade crie mil expectativas em cima de mim. pensando bem, em looping, acho que deve muito melhor ser idosa, mesmo que a energia diminua e os medicamentos aumentem. numa dessas, posso continuar sendo jovem por mais um tempo e guardar o que é bom pra lembrar quando for idosa, esquecendo assim dos medicamentos a mais. e, esquecendo dos medicamentos, as dores voltarão e me lembrarei de novo que sou idosa e como eu queria ser idosa quando era jovem. pois bem, lembrando disso, estaria eu sonhando acordada?

20121107

clareza, nunca consigo te capturar

(um piscar em falso)

falar de amor não faz sentido

amar de amor faz?

entre a dúvida presente e o desastre por vir

pulsar naquela frequência que só os dias muito quentes conseguem envolver: afagar o desastre latente, o olhar desmaiante da cidade iluminada em excesso; daquele pensamento que está sempre ali, na dúvida de tentar ser um não-desastre de repente, um derrapante passo à frente, um pisar-em-falso no fora do último instante do respiro; chegar no suspiro num descuido com os próprios movimentos, num lampejo enganado, numa farfalha amorosa, num ritmo pausado, numa súbita incerteza seguida de uma dobra certeira, de uma experiência ativa, de uma série tímida; daquelas vezes que a tendência foi segura, foi dúvida esquecida, tão dissolvida entre as palavras que o assunto se nublou, se rendeu ao afofamento, se camuflou no tempo, se escondeu em meio ao que nunca existiu, mas que mesmo assim a gente foi vivendo; e vivendo a gente foi desvendo sem desvendar o que intuía, o que sentia forte sem saber porquê, o que morria em suspense de não saber o ato próprio; naquela vivência molenga, desestruturada, sonhadora, que não revela, que não coopera, que não se deixa embriagar, mas que dá uma canseira, essa roseira sem espinhos nem cheiro.

20121105

pobre cabeça que só sente o que não sai dela nem pra poder chegar nela.

quando a cabeça não muda de lugar, não aluga outro assunto, não sai pra passear, não te tenta nem te deixa tentar, quando tudo o que gira em torno dela é o que ela pensa o tempo todo, sem espaço pra suspiro, sem fuga de respiro, sem brecha nem brechó, sem roupa nem chimia, sem cozido nem assado, nem pão nem apatia, nem fôrma nem mistura, nem farinha nem sucata nem nada. nem choro vem nela.

20121101

Nem adianta tentar.

Deixar-te. Eu tenho medo do ótimo. Trovão sob trovão. As coisas trocam de lugar. Umas com as outras. Gosto de cigarro. Apagado. Eu queria pensar tão baixo que nem eu. Conseguisse ouvir, esquecer. Não há. Como dormir pra dentro do outro. Pensamento. Escapar do que eu acho.

Não vou achar. Nem perder.

[junho_2010]