20080831

vou a pé. vim da segunda rodada do café da tarde. comi bolinhos de chocolate, estavam deliciosos.

como a cuca de côco.
como a cuca de côco.
como a cuca de côco.
como a cuca de côco.
como a cuca de côco.
como a cuca de côco.

20080830

aos piores tolos (e à mim mesma)

que, sem coragem de encarar covardes problemas, vestem seus rostos de nada com uma ânsia refletora de outras ânsias, deixando seus rostos como numa inversão de lupa, numa lente estreita onde nada silencia naquela aflição de coisa irritantemente invisível: inutilizantes da própria vontade

20080824

olho de bolha
bolho de olha

alguns objetivos de não pensar

relacionar em vez de falar de relacionamento
não tentar explicar o que não tem explicação
não deixar o relacionamento ficar dúbio:
o relacionamento como objeto falado e como objeto vivo
o relacionamento falado não é o relacionamento vivido

correlacionar para quê?

amiga minha me disse algumas coisas sobre a planta

disse que quando a planta tá ali plantada
ela cresce naturalmente
e a única maneira dela não morrer cedo naturalmente
é ela comer, beber e tomar sol

porque natural só é nascer e morrer
viver não é natural
é conquista constante
como as coisas que comem, bebem e tomam sol

20080819

frouxotudo

tudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxotudo é tão frouxo

virar a página: blupt!

É só hoje que eu penso:

nada é tão difícil assim como diz a poesia
somos fáceis e burros por tentar complicar

20080818

num pedacinho de papel "talvez um dia entendas" com uma flor ou folha qualquer do meio da rua no meio da noite

e saio correndo

descobri o problema:

as pessoas têm que mudar tudo isso
acrescentar, então:
coisas extraordinárias
corridas malucas
finais de efeito

(eu só quero um buquê de brócolis roxo ou de salsinha)

toda vida espero surpresas das coisas
(ou "em todas as coisas, espero surpresas da vida"),
e por isso que eu as tenho
(AS SURPRESAS)
a maior surpresa de todas é acontecerem aquelas coisas que não se esperam:

sempre acontece coisa nenhuma

alguns minutos das meninas

Ao perceber nossa presença, uma das meninas (sendo duas na mesa com os, provavelmente, pais) olha para nós, duas vezes seguidas.

_ Pai! Paaaai! Paaaaaaaaai! - exclama a outra menina

A menina número 1 sai de sua cadeira, caminha até a outra cadeira e volta até a mesma que estava sentada.

A menina número 2 que estava sentada se levanta, empurra sua cadeira para a direita e volta a sentar-se mais próximo da menina número 1. Já era hora e ela começa a comer seu sanduíche. Algumas mastigadas depois, a menina solta o sanduíche e brinca com o brinde-Hello-Kittie. Volta, entretanto, a comer e observa atentamente a Mariana Milis (que estava observando-a primeiramente). Em seguida, vira-se para trás para observar rapidamente um homem sentado. Balança a cadeira para frente e para trás. A menina número 2 cai.

A menina número 1, provável irmã, balança sua Hello Kittie em frente ao olhar da menina número 2. Essa, quando caiu, quase-chorou por meio minuto esperando seu provável pai alertar-lhe que nada de tão ruim havia-lhe acontecido.

_ Pronto, pronto! - disse o pai dando-lhe leves tapas nas costas

As duas meninas, logo que passara a sensação da queda da menina número 2, brincam juntas com a mesma Hello Kittie. A menina número 1 (com suspeitos cinco ou seis anos de idade) volta para sua cadeira. De repente!... a menina número 2 (com suspeitos quatro ou cinco anos de idade), concentradíssima, faz-de-conta ser um cavalo.

Achei um desfecho interessante.

alguns passados foram


só de sonhos
e coisas nubladas



e quando de "passados" falo, quero dizer exatamente que as coisas passadas passam, e que são coisas soltas e juntas ao mesmo tempo, porém independem-se

e também, sobre falar "só", digo a princípio que "só falo", como se fosse uma única coisa, todavia me sobe a cabeça a sílaba só como "estou só"/"estou só de sonhos"

20080817

vida patética

não nos permitimos ser patetas dignos,
quem sabe numa próxima patetice:
batatas com bananas caramelizadas

20080811

AS COISAS SÃO

AS COISAS NÃO PRECISAM DE TI
ELAS SÃO E PRONTO!

AS COISAS SÃO ASSIM: ELAS NÃO PRECISAM
ELAS SÃO E PRONTO!

ELAS SÃO E PRONTO!
........SÃO E PRONTO
........SÃO E PRONTO
........SÃO E PRONTO
........SÃO E PRONTO
........SÃO E PRONTO
........SÃO E PRONTO

UM QUADRADO É UM QUADRADO
...............E PRONTO

UM QUADRADO NÃO PRECISA DE TI!

latejadas

Latejada1: com a tua asinha na mão, como se ela fosse tu: no meu rosto me fazendo respirar: inspirar devagar e expirar mais devagar ainda

Latejada2: quero ouvir a voz que mais me faz fazer inspirar e expirar devagar

Latejada3: como se tudo fosse colorido (e não que não seja): o abraço que vem tão azul, tão macio, tão confortante

Latejada4: a maior segurança de todas: pai, amigo, irmão e calmaria

Latejada5: alegria

Latejada6: distante e querida

Latejada7: novidade indisponível: confusão passageira

Latejdas89: inviáveis por algum tempo

O mundo tá no fiMeu olho tá úmido.

meu olho é úmido
por isso meu olhar é úmido
e eu vejo tudo molhado
molhado molhado

meu olho é úmido
mas não escorrega
quando eu o empurro
ele nem cai pra dentro

um dia desses ele quase caiu dentro da minha cabeça, mas como ele não vale nada dentro da minha cabeça, ele não caiu, mesmo que cair não custava nada, nem uma viagem pra qualquer lugar perto do fim do mundo

azul glugluglgulgulg

eu quero que as amantes palavras me deixem
eu quero um tempo de toda a minha cabeça

eu quero ouvir meu nada no fim da tarde
eu quero não pensar em fingir que parei de pensar

eu quero parar
eu quero parar
eu quero parar
respirar, então

respirar tão azul
tão azuuuuul
eu quero falar glugluglu
eu quero gritar glugluglu

não serve pra nada
deixar de gritar
deixar de falar
e não deixar de pensar

gluglugluglulgulgugluglgulgulgulgulguglguluglggulgulguglugluglgg

20080809

prontoquasefalei

conversar é bom
emagrecer falas
digerir olhares
desviar parágrafos como se fossem saltos duma montanha à outra

um bate-volta de desassossegos e de sossegos
cair e continuar de olho aberto
dar de cara numa parede invisível
ter dor de cabeça e vomitar
banalizar as coisas patéticas como patetas dignos
(dignos de olhares, de contra-falas e de suspiros pesados e densos)

20080808

gel tóxico

(ser tóxico é não parecer ser tóxico)





-TÓXICO

este gel está
de-mais"
me parece................... quase-tóxico

e já é a minha vez((((!

de(ME)e n t o x i c a r também
porque o gel também gruda em mim




tranco a respiração
arroxo
escaldo a pele
rastejo
viro brotoeja




........... e a arma((((?
está sem manual

20080807

um pulo, dois anos, mudanças de rios, nuvens e névoas

a chuva é a nuvem envelhecida
a nuvem é o começo da chuva
a chuva é o alimento do rio
o rio é o fim da nuvem
a névoa é o desmaio da água


a água é gel de nuvem e de névoa

20080806

algumas coisas precisam mudar por dentro, por fome, por céus

hoje foi um dia horrível dentro do meu corpo
: os meus pés estavam molhados e desconfortáveis com todo o cuidado dos meus olhos chuvosos com meu tênis branco
: as minhas mãos estavam tão geladas que pareciam não fazer parte de mim, e roxas e desalongadas
: o meu estômago estava de tristeza e obstáculos sem fim
: as minhas mentiras invadiram até o alto da minha testa, que tinha tanto óleo, tanto
: o meu pescoço era tronco de goiabeira, de saudade
: o meu sonho escorreu outra vez de mim, e com ele todas coisas dele, que são muito mais que minha vida, nelas só falta eu
: o papo foi ficando insuportável
: eu fui perdendo meu corpo dentro da minha cabeça e quando vi, olhei pra trás, pros lados e pra cima, eu não existia mais
: eu sumi de mim e me insuportei mais uma vez

outras vidas

apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego das coisas da vida que são pra sempre mesmo que eu nem lembre delas e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego

20080805

eu derreteria

se eu tivesse as mãos d'água e delas eu dependesse para andar pois não teria pés nem pernas, eu, sim, derreteria. derreteria ainda mais provavelmente se minha boca fosse d'água, pois sou feita de falas engolidas e delas eu dependo mais do que de meus pés e pernas

mas caso minhas mãos e minha boca fossem d'água congelada e minha casa fosse freezer, eu seria como um hambúrguer frio de soja, mas feito de carne, bem temperado e com muitas esperanças de morrer de velho no congelador, que cuida dele com tanto amor quanto eu cuido da minha caixa de pérolas

algumas coisas têm sonhos nublados no passado
alguns sonhos são de coisas nubladas sem passado
alguns passados foram só de sonhos e coisas nubladas
alguns sonhos são encantados como passados não-nublados
outros encantos nascem de coisas que ainda não nasceram no passado

quando eu morrer eu quero virar água. eu quero um amigo quase-imaginário que invente um jogo com a água do meu corpo e com ela encante meu passado nublado e não-nublado, meu passado que foi e meu passado que ainda não passou pela minha água

20080804

eu prefiro as falas doces:

derretidas e quentes
ou derretidas e frias

algumas coisas ficam fora do lugar

a sombra tá muito comprida pra pisar na grama
a grama é do amor, assim como o hsbc e o turismo

a grama tá muito comprida pra pisar no amor
o céu tem partes que se mexem como algodão

as partes do céu são transportes nublados
os transportes são nuvens do céu do outro mundo

o outro mundo divide o mesmo céu que este mundo
o mundo tem só um céu e o céu tem muitos mundos

os outros mundos não têm hsbc e nem turismo
mas eles poderiam ser tranportados por nuvens

se o hsbc e o turismo estiverem na montanha
eles podem pegar a parada da primeira nuvem

pra primeira volta vou levar um sanduíche
o meu sanduíche vai ser quadrado e de nuvem e de chuva

a chuva é a nuvem envelhecida
a nuvem é o começo da chuva
a chuva é o alimento do rio
o rio é o fim da nuvem
a névoa é o desmaio da água

eu vou comer um sanduíche de nuvem e de chuva
por isso que eu sou um rio de fome

eu não gosto de nuvem fina
eu gosto de nuvem que preencha até os cantinhos

os cantinhos têm o bom-senso de existirem
senão o sanduíche não teria meio

o meio é que interessa na minha fome
meu meio é o meio do meu rio de fome

coma-me fome como um rio de nuvens
afoguei-me na minha fome de chuva

tontura e chá de abacaxi

quero sentir coisas bonitas com calafrios macios
onde a brisa no rosto é cheiro de chocolate quente
e o andar flutuante pede hora pra pensar em nós

por onde vagaremos amanhã?
passaremos por dentro de nós mesmos
como pássaros que respiram suas próprias penas

quando for a vez da minha pele te esquentar
tentarei estar gelada de vento frio
e fingindo frio ficaremos quentes

e não vai ser de amor
vai ser do sol que vem de dentro de nós
porque o sol não tem lugar do lado de fora

(a tontura é cor-de-rosa, quente e doce)

+++++++++++

(o sol é cor-de-rosa, quente e doce)

20080803

desamam vida

des
dddes
conforto imenso

sair
corrr corro
correndo

dessa
coisa ímen
ímeeeen
imensa

que amma
chamaaa
chamam de vida