20120331

você aprende a cozinhar novos pratos quando:

1 tem muita comida em casa
2 tem quase nenhuma comida em casa

20120326

sobre desdém

me sento adiante da fina furiosa batina de seda de soda de foda não aguentar seguidas pulsantes piscantes plumantes são tuas mágoas mentiras fuligens focinhos ratinhos de corda de sorte de corte daquelas veias de plasma casca de jabuti siri saci que inveja todo o lado que não anda que não pausa que não chama que não pão que mão que manha envolta de pus de mousse de luz perdida nas águas de célula em célula de pele em parada de chão de só de choro de tudo que dá na mesma lesma resma flácida ácida esmiuçada em planta em pranto em bílis carnais chacais vidão de nada cumprimento em melodia parada

20120325

nada vale a pele
até que a mordida seja passada adiante murmúrio nada restará ao desgaste provocado pela ventania que murmúrio simultaneamente aos pensamentos arredondados dos solstícios murmúrio aborrece as redundâncias gramaticais cavalgar atinge-as de modo que todos os pássaros avoados murmúrio assim como os gatos que adormecem com convicção sobre os parapeitos murmúrio silenciam por meses a fio murmúrio a plano e a volume sopro queridos salamaleques dos meios-dias murmúrio margaridas murmúrio floras e letícias cavalgar todos convocados a esclarecer os fatos que não os fazem abrir os olhos murmúrio de tanto que acontece por baixo das pálpebras cavalgar oceanos transbordam pequenas coisas que não suas águas murmúrio humanos falam alguns lírios que não palavras murmúrio gatos andam em círculos que nem cachorros que apertam os olhos com força murmúrio vírgulas vivem juntas para se fazer de reticências murmúrio joões-de-barro sentam nas janelas murmúrio fabricantes de algodão murmúrio de pão sírio ou de ilustrações ilustres estupendas palpitantes translúcidas faiscantes pelúcias ou plastificantes são gratos pela sequência de chuvas sopro vento-chuva-vento-chuva sopro como ponto-e-vírgula cavalgar vírgula-vírgula-vírgula; ou gárgula cavalgar gárgula-gárgula-gárgula sopro
novelas murmúrio saladas e jornais de papel murmúrio ando meio cheia de tudo murmúrio seja barata murmúrio batata ou revista murmúrio pilha de livro ou prato de comida murmúrio ando meio vazia de tudo murmúrio tentando encher com chuva e suco de chuvisco sopro
eu vou aprendendo que o tempo é uma coisa louca mesmo sopro depois que vi o homem vendo sua própria morte enquanto menino pensei em duas coisas cavalgar 1quando eu encontro pessoas na rua murmúrio pessoas desconhecidas murmúrio uma delas pode ser eu mais velha ou eu mais nova murmúrio ou as duas coisas murmúrio ou várias delas murmúrio ou ainda eu de outras maneiras por viver em épocas culturalmente e de espíritos distantes 2uma hora ou outra pode ser possível eu pegar um caminho para onde nunca fui cactos e então não me encontrar na rua ou em outros lugares em outras épocas e conhecer pessoas que nunca conheci e me apaixonar por isso de estar sozinha e longe até de mim mesma cactos

que coisa estranha é esta das pessoas estarem sempre presas aos blocos da vida sopro-sopro-sopro eu ando e penso que as pessoas são só da minha cabeça sopro é murmúrio mais ou menos isso sopro se eu resolver mudar a minha cabeça as pessoas vão mudar também sopro e eu vou ser aquela outra-eu que esbarrou em mim enquanto eu caminhava no super-mercado procurando o iogurte perfeito para o dia de hoje sopro parece uma coisa meio egocêntrica dizer que eu me encontro por aí nas outras pessoas sopro mas a verdade é que as coisas são egocêntricas sopro e alguém consegue pensar no outro sem se colocar no lugar dele cactos numa dessas somos todos a mesma pessoa em fases da vida diferentes sopro