20090107

eu não consigo dormir.

poesia é tudo trapo velho que vem rasgado, sujo e cheio de mau-olhado, essa poesia toda da vida, das coisas bonitas e das coisas feias dá ânsia de vômito, olhares em estado de putrefação, que cheiram mal, cheiram pior que poesia de amor, todo fogo é meio louco, toda cabeça guarda um pouco de cachorro empoeirado, assim como cores cruas, cores de carne de bicho morto no meio estrada, até as coisas que cheiram bem, uma mesma aflição de coisa que é escondida, porque sinceridade tá em coisa feia, já viu, já vi.

enxaqueca não esconde o mundo, mostra, mostra que as coisas são sempre assim, que o mundo tá podre, eu sonhei e não é que o mundo é podre mesmo? eu vivo no meio de coisas tão legais, escondidas por cores bonitas ou por anseios de coisas melhores ou por amigos ou por comidas que dispensam qualquer outra coisa boa da vida, ser sozinha às vezes agonia, às vezes descansa os olhos de ter que ver coisa ruim fingindo que é boa.

cortei as unhas bem curtinhas pra parecer que as coisas velhas da vida foram separadas de mim, eu não quero mais pensar no que em qual onde e como, tudo misturado é bom e é ruim ao mesmo tempo, ar ar ar, eu quero dormir da vida um pouco, eu odeio baratas e eu adoro poesia.

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