20090108

Eco: oca

Mesmo preenchida com música folk nos fones e com falas de pessoas menores e maiores que estavam do outro lado (falas que às vezes se misturavam) e ainda de pensamentos que nunca se calam, o vento me fez ouvir que ele não queria dizer nada, mas que queria, mesmo assim, que eu prendesse minha atenção nos seus ruídos mais mínimos.

Tantas vezes fiquei sem pensar em nada só ouvindo o vento. Algumas vezes pensei em coisas que não são mais nada. Outras vezes pensei em coisas que ainda não se formaram em nada. E umas vezes em coisas que ainda são alguma coisa (são tão poucas!).

Eu senti por algum momento saudade daquilo que ainda nem vivi, como se eu já estivesse vivido tudo e já estivesse ido embora daquela vida também. Será que eu já estou velha e chata o bastante para nem tentar mais nada nesses sonhos? Já imagino como tudo vai ser, é sempre a mesma história girando e se revezando. Será que as pessoas escondem uma história secreta de mim? É(!): uma história com meios e afins diferentes: secretos, repousados, secos e em preto e branco.

Eu estou me sentindo tão oca: sou um eco dentro do meu próprio corpo.

Cubo-mágico, tranferidor, borracha branca e azul, cestinha de frutas, livro de poesia, sapatinho de pois ou flauta? Nada disso aí o vento me soprou. Ele só soprou enigmas e contextos inquietos... E eu que descubra o que fazer com o que ele soprou, oras!

O vidro da janela do carro aberto até a metade começou a me dar uma aflição. Foi que fechei o vidro por completo: me fechei no vidro por completa falta de ar. Tem que faltar um pouquinho de ar, eu acho. Se tenho ar demais começo a ficar cheia e não consigo viver. Incompleta por falta de ar, eu lembro disso também. Nossa, quanta coisa que eu achei que nem lembrava mais. Até dos meus patins eu comecei a lembrar: eu corria tanto querendo chegar em algum lugar (nem que fosse no céu ou no telhado do ginásio de esportes).

Foi que morri de tanto procurar o céu. E foi lá que eu o achei: bem azulzinho em p&b.

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