20081101

sái gosma

agora eu já não sei mais o que acontece: se são os sentimentos que ficam dentro ou se sou eu que fico dentro. sim, burra quando sinto, eu sou. mas eu sou por que eu entrei no sentimento e ele me tirou o cérebro em posição de ingresso ou por que algum sentimento entrou em mim por orifício qualquer e então me contagiou, pegando meu cérebro como refém? eu não tenho convite pra sentimento algum (e que isso fique claro), mas tenho pontes. e essas, malditas sejam, tomara que quebrem todas. odeio pontes (talvez porque eu as ame). acho que as coisas podiam ser mais soltas. sentimento nenhum tenho sentido solto de mim. é sempre: ou eu dentro ou ele dentro. pegajoso.

uma coisa me complica o pensamento, tenho que confessar: como posso estar dentro de um sentimento que só existe e só existiu pra mim? no caso eu não poderia estar dentro de um sentimento contigo se tu nem se quer lembras dele. e se é o sentimento que está dentro, como uma alma um pouco pior do que as almas que não existem (porque o estado da alma de "não existir" é pior do que qualquer alma), como pode termos tido uma ponte entre nós se não existiu uma base tua? a ponte quebrou por isso, teus sentimentos são tão misteriosos que enganam existir. eu sou curiosa. onde escondes teus sentimentos? é como páscoa. é isso(!). conclui esse pensamento incômodo: tens sentimentos de chocolate e eu os comi. comi todos pra agora estares vazio. como um saco vazio sem batatas ou sem farinha. és todo vazio do mesmo saco (e eu sou de saco-cheio). teu saco é nada, entendes? e se não tens nada, não te quero. o único problema é que teu vazio é pegajoso e está dentro de mim. porque até teu preenchimento que eu comi é vazio. estou cheia desse teu vazio pegajoso!

algumas outras coisas têm sido pegajosas: enxaqueca é uma. sabe passar roupa? a minha enxaqueca eu passei hoje. é, passei minha enxaqueca à ferro. passei por dentro, assim como se passa camisa de formatura pra ficar bem lisinha. a minha enxaqueca está tão lisinha quanto o teu dentro. assim, sem ranhuras, sem estragos e sem preenchimentos. és como a minha enxaqueca, tenho que te passar à ferro fervendo. pra te estragar, pra morreres de mim. mas com muito cuidado pra não te grudar lisinho. quero-te desfeito, desmaiado no tempo, desintegrado ou invisível. ou talvez nenhum dos dois. talvez o que eu queira é um vazio no teu lugar que está em mim. mas estás grudado, praga! sái que esse lugar é meu e eu prefiro vazio meu do que tu vazio em mim. és pegajoso, mas não pegas nada.

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