20100818

– E você, como designer, o que pensa?
– Em primeiro lugar eu odeio.
– Odeia o quê?
– Calma.
– Odeia calma?
– É, poderia ser. Mas não foi isso que eu quis dizer.
– Você quis dizer que odeia o design?
– Também poderia ser.
– Então você odeia o design... da calma?
– O que eu disse é que odeio antes de pensar!
– Ah, então foi isso que você quis dizer...
– Não, isso não foi o que eu quis dizer, isso foi o que eu disse.
– Mas, então, se você odeia antes de pensar, você já pensa de modo contaminado...
– Mais ou menos, na verdade eu odeio, penso e o desdobramento depende da relação entre como as duas coisas acontecem.
– O que você quer dizer com isso?
– Oras, você nunca saberá, pois você só poderá atingir o que eu disse, nunca o que eu quis dizer, compreende?
– Eu não posso imaginar?
– Pode.
– Então eu posso atingir o que você quis dizer.
– Você pode atingir as alternativas possíveis-pensáveis dentro do seu repertório de informações e experiências sobre o que eu quis dizer. Mas o que eu quis dizer, não com isso, sobre querer dizer, só dentro da minha cabeça. Sendo que lá, às vezes, nem mesmo eu alcanço.
– Como você pode dizer sem saber o que quer dizer?
– Em primeiro lugar eu odeio.

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