20080528

coisa boa é coisa à toa

20080505

pra que traduzir?

pensamos demais sobre as coisas, e então, vivemos pra tentar decifrá-las ao invés de não tentar nada, e deixá-las acontecer do seu jeito incauto/deu a hora de parar com tanta rotulação das coisas, pra deixar elas serem em paz, oras, sem ter que dar satisfações!

sabe o que é?

CANSEI DE PENSAR NAS COISAS COMO SE ELAS
JÁ NÃO FOSSEM SEM EU PENSAR

(porque eu não paro de pensar em separá-las e dividi-las por cores, formatos, tamanhos, gostos, texturas, cheiros, grau-de-compatibilidade, temperatura, acidez, lucidez, palidez, grau-de-desmanchar, facilidade/dificuldade-de-falecer,,,,,,,,)

nomenenhum pra coisanenhuma

as coisas são assim mesmo:

paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas.

mais uma minha coisanenhuma: nomenenhum
(deu vontade de ver texto grande, de vários textos pequenos, e iguais, mas quem sabe, lidos de outras formas, diferentes)

20080406

Alfinetei a minha cabeça de grama-verde-clara pra ver se acerto em algum pensamento.

Perdi muitas das gentilezas que me formavam. Perdi essa parte de mim, mas não por isso a esqueci.
Ando de um lado pro outro, olho de cima pra baixo, e, em movimentos circulares, eu enxergo gentilezas nas coisas.
Porque o pó, por exemplo, tem a gentileza de não voar em mim. A tv é gentil quando me deixa escolher ligá-la ou não. A geladeira gela tudo pra mim, só pra eu não comer coisa estragada. Sem falar das coisas que são gentis só por existir, como a música sleep da Kimya Dawson.
Que motivos tenho eu pra perder minhas gentilezas? As gentilezas daqui tenho que levar pra fora comigo. Grosserias cansam. Qualquer grosseria, mesmo mínima, precisa me fazer quieta.

20080320

colecionadora de faltas

só o que não falta é faltar coisa

20080318

casquinha de pele

a minha casquinha de pele não está nas coisas propriamente ditas: na minha pele, mas sim nas outras coisas: nas coisas que eu toco e nas coisas que me tocam. não me interessa a minha casquinha de pele em mim, mas sim a minha casquinha de pele diante das outras coisas. não é a morte da casquinha de pele. é que a minha casquinha que está em ti é a tal coisa além do limite da minha pele: está além de mim e ao mesmo tempo é minha parte em fatia: é tão indispensável para mim quanto a minha pele inteira, pois se o mais plausível é me ter em pele, melhor ainda é me ter em fatias nas coisas todas.

20080316

sei da falha a fala nua

o que não faz sentido é ser falta. não quero mais nada que seja falta. não me preencho de outras faltas, pois até as minhas já não me fazem mais faltar. só quero dizer que tanta falta assim junta acaba por fazer os vazios cheios de faltas. quero dizer: as faltas falham. eu explico: é que uma vez eu gostei tanto de faltar em mim que acumulei essas coisas nuas (as faltas) e vazias (as faltas). e tantas acumulações nuas, vazias e falhas faltaram em mim coisas cheias. uma falta cheia é quase que me encher de vazio. juro que era mais fácil. mesmo os vomitando, vazios eram só vazios. agora eu tento vomitar cheio e não consigo. porque é um cheio que não me falha.

20080224

para voar:

Quando senti o céu aqui, logo pensei em tocá-lo, como se fosse íntimo meu. Foi a primeira vez que eu o peguei nas mãos, e para isso não precisei nem ficar nas pontas dos pés (como eu costumo fazer com coisas íntimas). Quase o desmanchei de tanto apertá-lo. E ele ficou com partes tão pequenas que o perdi por pouco menos de um ano (no nosso tempo, não no dele).

Eu o achei por acaso, quando sem respirar, eu pisquei. Um flash de céu. Azulzinho, como era naquele tempo. Ele sumiu assim que abri meus olhos e vi minhas mãos. Ainda acho que foi ele quem as colocou ali: a um palmo meu do meu rosto.

Eu virei a minha mão direita tão devagar na frente dos meus olhos que consegui percebê-la em soma, não em unidade. A minha mão direita é tanta coisa. Eu tive vontade de apertá-la bem forte para unir tudo sem nada de ar. E eu fiz.

Quando abri minha mão, eu a senti mais densa. Sem ar algum, eu pisquei aflita: seguidas vezes e sem parar para respirar. Piscando assim, minha mão foi ficando leve, ainda eu a sentia densa, mas agora mais leve que as minhas pálpebras. Tão devagar e tão leve, ela flutuou na minha vida. A cada piscada, um detalhe na minha mão respirava. Como se cada detalhe nela fosse uma coisa do mundo. E todas as coisas juntas encostaram no céu por um segundo - foi o último segundo que eu pisquei -. Comecei a piscar de novo, sem parar, sem respirar, e, com a minha mão no céu, fui tão feliz. Apertei o céu, como se fosse só meu. Sem que eu pudesse me mexer, a minha mão abriu, e soltou o céu. Foi quando encostei pela última vez minha mão nele. E bastou para ter aquela sensação dentro de mim, como se eu o tivesse engolido junto as coisas do meu mundo (afinal, meu mundo precisa de um céu).

Eu não o engoli, por fim, mas ele estava ali, em sensação, na minha mão. E, se eu quiser apertá-lo com força, é só parar de respirar e começar a piscar.

20080210

Como se Paula matasse Anna.

A Paula fala mais alto por ficar nesse corpo de Anna. Ela é transparente, sumindo com a Anna que é tão real e opaca.

Que de Anna eu já soube muito, por isso quero desta vez ser Paula por muito mais tempo que Anna, e até deixar Paula pra sempre viva; não como Anna, que só aparece pra equilibrar Paula.

A Paula é íntima. A Anna é Anna e só. A Paula é muito mais que Anna Paula, porque é só Paula, que não mede como Anna, sobre o que ser. A Anna é tão detalhista que enjoa dela mesma. A Anna não tem alma (a Anna tem úlcera).
A alma da Anna Paula é a Paula.

E a Alícia é um excesso de Paula. Como se Paula matasse Anna. Ou como se Anna virasse Paula também. Em vez de Anna Paula: Paula Paula: Alícia!

A Anna é coerente e por isso não entende a vida: que não é coerente. A Paula é a Paula. E a Alícia é incoerente.

Fui primeiro só Paula: quando nasci: quando pequena: quando cresci pela primeira vez e pensei: "não posso ser Paula com pessoas desconhecidas": a Anna analisou tudo e escondeu Paula por ser tão mais fácil e coerente ser só Anna (pessoa nenhuma se conhece ao todo, porque pessoas só são partes delas).

Passou um tempo de Anna. A Paula gritou, e logo Alícia. E então Alícia virou Anna Paula de novo.

20080130

: são as pessoas

Tem dias que eu imagino coisas e sinto ser verdade. Eu falo comigo mesma sobre o que está acontecendo, porque não posso falar com mais ninguém sobre o que só acontece pra mim. São contextos, inúmeros. É medo. Assim: eu imagino (sem ser racional, eu sinto) contextos e dou vários fechamentos, que na verdade não fecham, possibilitam outros/eu choro/eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo - naquela sensação de névoa(de melhor-coisa-do-mundo -/eu os vivo (só comigo) como se fossem verdade, para, então, não sentir necessidade de viver com outras pessoas. E, então, o meu medo: as outras pessoas. Não o que elas vão pensar sobre os meus contextos, mas o medo de elas saberem que tudo está misturado: o que é real e o que é de voltar atrás pra viver de novo de forma diferente. Meu medo é de elas não conseguirem, e então, eu acabar perdendo-as em alguma realidade que era só para experimentar.

As pessoas são difíceis. Elas são a maior barreira da minha vida. Todas (não as barreiras - as pessoas).

Eu não as sei, ao todo. Eu nem sei eu, ao todo.

É a minha vontade de viver a mesma coisa de diferentes maneiras. Eu preciso ser triste também, por exemplo. Mas as barreiras (as pessoas) vão me achar (não me importa o que elas vão achar, mas a conseqüência disso) uma chata se eu inventar tristeza só pra chorar bonito. E, por conseqüência, eu as perderia. E, perdendo as barreiras da minha vida - da minha pessoa -, eu não teria mais o prazer de ter medo. E, então, o prazer de viver as coisas duplamente, triplamente (...) também seria perdido.

Hoje eu acordei perdida. Confusa do que é realidade e do que não é.

Eu vivi duplamente com uma pessoa. Eu quase a perdi. Foram testes não conscientes. Hoje, eu percebo tudo no sentido de invenções de experimentar. Foi muita coragem enfrentar assim o medo, como se ele não tivesse o poder de tirar essa pessoa de mim. E dessa vez ele não teve.

Tenho medo também (da conseqüência de perder as pessoas) de escolher a pior (no sentido de qualidade de ser pior, que dependendo da nececessidade da situação, pode ser uma coisa boa) alternativa para ser experiência da vida real (que está amalgamada com as minhas imaginações, por isso a confusão da minha cabeça).

Meu coração quer saltar de mim.

20080123

aquela noite

era o barulho da geladeira
o convite recusado
e a saudade do namorado
*NÃO BRINQUE COM ANIMAIS AQUÁTICOS DESCONHECIDOS

20080114

eu deito para amarrar o meu cabelo,,,,

pausa tudo e sente a mosca

Apóia o pescoço no meu pé, sente a mosca andando sobre o corpo, e me olha, e vira a cabeça, e vira pro outro lado, e me olha, e assim faz até abaixar o pescoço e deitar, jogando-se no chão como quem compreende tudo neste momento de ser pisada pela mosca: a tua mosca te faz massagem, e ela, mesmo suja, conforta-te. Coisa imunda: não te preocupas com as coisas a tua volta, e caminha nelas, amaciando tua vontade de ter teus pés em coisa viva, quente e rosada. Não suspiras e não arrotas como farias em felicidade, não pensas em nada, pausas a tua respiração para só sentir a mosca neste intervalo tão teu, tão único.

20071223

asminhasmoléculassãotãomoles

moles moléculas
moléculas moles
salucélom selom
moles moléculas
moléculas moles
selom salucélom
me bo
dos bos

20071222

EU QUIS

muito falar tudo, de uma vez só, olhando nos teus olhos, ou qualquer outro lugar que eu pudesse mergulhar e ouvir meus pensamentos para não deixar passar nenhum detalhe, para não me perder e então falar o que minha boca mandasse sem me deixar pensar, e então acabar com as coisas boas do dia que ainda nem tinham começado. Eu quis mesmo, mas então tu me olhaste e em vez de eu mergulhar no teu olhar e ouvir o que eu pensava, eu mergulhei em ti, mergulhei na tua boca, na pele do teu rosto, na forma da tua sobrancelha - que atraiu meu carinho a penteá-la, naquela sensação de estar arrumando tudo, organizando as palavras que eu falaria dali a algum momento; eu estava só em ti: nas tuas sobrancelhas, e nas minhas palavras ainda ausentes que insistiam em ser ditas. Mas então, não fechaste mais teus olhos, e olhando pra eles eu não lia meu pensamento, só conseguia te sentir dentro de mim. Foi então que percebi que estava perdida na minha tristeza de te dizer as coisas, mas não sabia do que se tratava aquela tristeza. Não, na verdade, eu sabia, mas era tarde para a tristeza ser dita, não achei que iria valer para esse dia, que prometia ser melhor sem as palavras.

Foram algumas horas te olhando dormir, sem te tocar, qualquer movimento teu já bastava para eu voltar no tempo de novo, no tempo em que eu não te conhecia, mas as coisas eram assim também.

Meu contato contigo começou com carícias nos teus pés, mas sentiste cócegas, e eu fiquei com medo de ti, mas fui racional e acariciei o peito dos teus pés, e dali em diante eu só pensei em te dizer tudo, de uma vez só (...) E então eu deitei com o meu rosto perto do teu e fiquei te olhando dormir, mas abriste os olhos e não fechaste mais (...). Percebi que quando me hipnotizas assim, eu não penso, eu não falo - porque tenho medo de falar coisas pra ti sem pensar, mas eu fico bem: quando estou em ti e quando estás em mim.