20130424

completamente incompleta

visto agora minha camisa-de-fraqueza, meu olhar fracassado, minha espada partida ao meio, minha boca-aberta, minhas pernas bambas e sigo. não importa se sou poeta ou o diabo. ou se o diabo é poeta. ou se a pedra. ou se a queda deserta. infarta. capeta. fica esperta. neném tem cara de esfinge. ou de planeta. não importa. quantos pontos de luz te seguem por trás das orelhas? raposas. alertas. caretas mestras. te enganas. e segues. te enganas e te ganhas em sucessivas respostas. gritarias. risadas. solidões tão sós que nem o sol. tanto mendigo a espreita te esperando passar. te curvas. te cai nas mãos uma escuridão. uma montanha. passos soltos e quase mortos. são as vidas que te seguem. já mortas. pedintes. te derrubam e não te levantas. nunca mais ou nunca menos. não importa. prisioneira de ti ou do mendigo ou do diabo ou do poeta. alguém se importa. a esfinge. só a esfinge te completa. mentira. conferes. por favor. eu me curvo cada dia mais pra enxergar o que há de mais alto. o que há de menor na ponta do último ar. sob a primeira cova depois do nascimento da esfinge. céus. terras. submundos. sobre-mundos. só as caretas desmazeladas. amarradas com barbante do mais barato. bem apertadas. até tirarem o suco do teu sufoco. pois conseguiram. te digo ainda. que eles são tu.

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