20101118

esse texto devia continuar, mas me deu sono e não confio em mim pra continuar depois, então, isso é tudo até não ser mais

Vou fazer o possível para que saibas o que eu não irei te dizer. Mas isso pode demorar algum tempo, talvez até alguns anos. Porque quando a gente vai envelhecendo, as coisas vão sendo contadas em anos, não mais em dias ou semanas. Tem uma curiosidade que lateja toda vez que ouço o teu nome sem ser em ti, mas isso não acontece de fato quando é em ti. Acho que nesse caso quem lateja és tu. É? Posso te dizer que tenho sonhado contigo e também que te misturo com outras pessoas algumas vezes. Isso acontece aleatoriamente e eu até gosto. Embolo um monte de sentimento diferente e sonho. Coisa de quem não tem mais o que sonhar mesmo. É que na desordem e na demora da vida, os acontecimentos vão sendo assim e se acumulam na memória. Montanhas e alpes. Sorvetes de creme. Não acredito que eu não dê conta de te fazer saber, mesmo assim, em segredo novamente. É aos poucos que o vento bate no rosto, vento sul serve só pra levantar a saia e deixar a gente encabulada. Quis dizer que vento sul não bate forte no rosto como bate nas árvores e nos telhados. Isso me lembra uma vez em que alguém dessa mistura dos meus sonhos me protegia do vento e das telhas que voavam. E nem vento sul era. Achei que ia morrer, então acordei. Morri pro sonho. Eu não estava muito ocupada, podia muito bem ter sobrevivido. Mas tu acordaste comigo, então tudo bem. Ficamos desocupados e desventados sob o início do dia. Tomamos café, conversamos e acabamos numa competição de quem consegue deixar o pão cair com a manteiga pra cima. Isso no prato, pra poder comer o pão depois. Mesmo com a tua insistência que a regra dos 3 segundos valia alguma coisa nesse jogo. Depois de algumas risadas e comentários comprometedores, nos separamos por algum tempo que não consigo contar no calendário. Talvez tu consigas. Quanto a mim, guardo o meu sorriso mais bobo e tímido pra quando eu pegar no sono e te ver de novo. Ainda que um pouco misturado com meio mundo, adoro os teus talvez mais ou menos não sei quem sabe e agora. Mesmo que isso não seja propriamente teu. Acho mesmo que não é, mas quem se importa? O que eu posso querer de ti se não os outros? Aí que está a graciosidade da coisa, a gente pode inventar as pessoas dentro das pessoas e depois acorda e passa o tempo até voltar a ficar com sono. O sono enquanto desfoque do passa-tempo quero dizer, não que alguém precise dormir pra isso. Aliás, a maior parte das misturas dentro da cabeça se passam sob um cafuné ou sob uma distração no meio da reunião. Ou sob o almoço mais bem preparado e temperado. Ou ainda sob a sobremesa sob o sol sob o guarda-sol. Ou sob os óculos-escuros. Ou sob o chão, pra quem mora em apartamento como eu. Ou sob as pessoas que dormem, pra aproveitar a mesma névoa e evitar mais um preparo pra desfoque. De qualquer maneira, de qualquer maneira.

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