20101101

Desengano é isto.

Corro leve, levo as folhas entre os pés e pouso. Flutuo mais um pouco e desmaio sobre um pedaço da paisagem azul. Sobre a terra vermelha nublada. Tudo turvo sob os olhos. Todos olhos sobre a névoa. Toda névoa. Toda. Até não sobrar nem um fio latente de sereno. Azul-pardo. Se eu fosse outra pessoa, podia não estar enjoada. Enjôo de tão somente sentar na poltrona e pensar em água, em vinho, em xícara sobre xícara. Amanheço em mar de náusea. Só de sentir, só de morrer pro sono, só de viver e andar. A cada piscada uma tentativa nova de adaptação. Um brinde de piscadelas à cegueira voluntária. Ops, telefone: "Alô, desculpa, foi desengano" me disse o moço ainda a pouco. E me desligou. Posso trocar a cegueira pela surdez?

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