20101022

papo de ovo passado

Antes da salada tinha um ovo de avestruz. Ou era de codorna? Ele estava picado, por isso não servia a especificidade do diâmetro. Podiam ser vários de codorna ou metade de avestruz. Podia ser de galinha também, mas acho que o momento pedia algo um pouco distinto. Tadinha da galinha, tão cotidiana... Depois vinha a salada. Tinha de tudo um pouco. Não de tudo-tudo, mas uma boa parte de tudo. Tinha também um pouco da parte ruim na verdade. Sempre tem, né? Se bem que hoje eu entendo que até as partes ruins merecem um pouco de felicidade e respeito, coitadas. Aí elas viram um pouco de confusão e até deixam de ser ruins. Apesar de que, nesse caso, estaríamos excluindo elas novamente, coitadas. Coitadas! Eu queria dormir um pouco dessa clareza toda de pensar em ovo branco e meio borrachento. Quase que um gel exageradamente denso. Gel talvez seja coisa do passado. Ou do enrugado, que de passado-passado nem passado liso inventado. Passado liso é impossível. Vai ver por isso continuamos chamando-o de passado, pra existir uma transgressão furorística de vida. Ou de morte, em alguns casos.

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