20101022

Não vou conseguir deixar de registrar isso tudo.

De repente, acordei. Ou entrei no próximo sono, que seja. Conversa vai conversa vem, conversa vai-e-vem pois do contrário não haveria conversa. Me expliquei dentro de mim pra mim, noutra conversa vai-e-vem, mas não me entendi direito, pois falava meio baixo e com palavras trêmulas. Como se não bastasse, disparou um alarme na rua. De algo da rua. Algo enlouquecido por atenção. Quem inventou isso devia levar uns tapas. Ou umas palavras meio baixas e trêmulas. Daquelas bem gordinhas de tão baixas. Trêmulas perigando desmaio. Perigando por quê?

Vivo de me distrair com essas conversas.

Como eu ia dizendo, entrei em acordo ou tomei um sonífero. Talvez mais de um pelo hábito quase que hipocondríaco de sempre tomar mais de um. Um nunca me satisfaz. Um não conversa, se explica. Se explica e se contra-explica. EX PLI CA. Gostei dessa palavra. Ela é meio punhado de areia em ângulo em laguinho das dunas. Sabe aqueles laguinhos que se formam no meio das dunas?

Vou tentar outra vez contar isso tudo. Começa com o alarme disparando. Quer dizer, isso é uma grande mentira, pois o alarme dispara só alguns anos depois. Na tal conversa vai-e-vem de explicação, lembra?

Certo, tudo começa quando... esqueci que as coisas meio que não começam, melhor mudar esse termo. Tudo... tudo também não me parece bom o bastante. Nada é tudo. A gente sempre esquece alguma coisa.

Esse papo que deu manga pra pano, meio como pedra engolida em papel, tem alguns anos de desmaio. E acredita que isso ainda continua? Depois de al-guns a-nos? Eu quase não acreditei de tão tola, mas vamos lá, mais uma vez com a manga no pano.

Dessa vez estou distraída o bastante, confesso mesmo. Não foi a coisa mais natural do mundo, até porque o mundo não anda merecendo coisa muito natural. Desde quando, nos dias de hoje, o mundo é natural? E as pessoas tão aí, no meio disso tudo. E também no começo. Acho que é por isso a manga não entra em secura profunda, deve estar cheia de conservantes e acidulantes (não que eu saiba o que exatamente seja este último).

É que quando a manga era verde... oras, que metáfora idiota, quando ela ERA contava com outro tipo de pano, se é que me faço clara. Tá bom, isso de ser clara não costuma acontecer porque eu fico com os dois pés atrás (é que tenho seis pés) quando falo das coisas da minha vida. Mentira, eu não tenho seis pés, portanto vivo de estar atrás por inteira mesmo...

O fato é que eu me entregava há alguns anos. Hoje simplesmente não dá. É uma droga. Ou duas ou mais (por causa do hábito quase que hipocondríaco). Na verdade é bom que isso fique ambíguo, pois não tenho convicção se a droga era antes ou depois.

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