20090418

sensação de filme

sílabas entre aspas são tão suspeitas. tão suspeitas, tão cansadas como a poeira da última gaveta. como o pássaro que canta, mas não existe. o pássaro que nasce toda manhã dentro da cabeça. como um método novo por dia. um pepino-pele-de-sapo a menos por manhã. naquela que, um dia, acordou cheia de sol e calor escondido. foi que pulou do sol um gatinho tão aconchegante em olhares que mal dava pra desviar da fuga. coroei. foi que tirei aquela foto de coisa-morta e coisa-viva em gigantesca nuvem de névoa, daquelas bem densas e cinematográficas. parecia até feita de gel. ou de polpa de maçã como é feita a alma. para onde foram todos os fios dos caminhos já percorridos? se perderam ou foram vendidos? tudo porque o que interessa é o que fica. tanto carinho longe esfarela qualquer calma que marca o caminho de volta. não que eu volte. eu engoli as chuvinhas, chovi as pitangas e girei bem vermelha. mas sempre existem pombos famintos de calma na cidade. suja. cheia de farelo. cheia de calma. limpa. bá bá bá. cheia de alma. 

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