20130627

o que incomoda:

- é a máquina, no sentido ruim de máquina
- é a máquina no sentido homem, no sentido ruim de homem

20130613

tá ficando difícil acreditar nos fatos. é muito absurdo pra pouco brasil. a esperança passou, já era, mas já que chegamos no inferno, o jeito é correr e gritar. é bomba atrás de bomba. e assim vamos convivendo com o susto que é fazer parte dessa história. correndo com amarras e gritando com mordaças. de olho num horizonte cego, em meio a essa fumaça opaca, num embrulhar de estômagos.

20130609

1min devir filósofa-poeta-mimimi

2min a pesquisa é um grande gramado, sem começo nem fim, com um monte de folhinha variando seus verdes e formas, muito parecidas, mas cada uma com sua diferença
4min imagina, a pessoa cria tópicos com vírgula entre os números e depois notas de rodarodarodapé. podia, mas dá preguiça de defender até isso depois (onde?)
6min (essa nota sobre a nota de rodapé)
7min devir nota de rodapé, no infra/extra-ser do texto, fazendo comentários sobre a própria fala
4h 11/06 cortar o que falta sem falta (totalmente no clima)
10h agora: comer. pq de vento ngm diz nada. segundo uma grande filósofa chamada "minha mãe"
10h por isso que interessa falarfalarfalar: sobre o que pulsa, não sobre o que se disse: sobre o que vive, não sobre o que morreu com a palavra
10h a questão não se passa sobre dizer alguma coisa, mas sim sob dizer alguma coisa, isto é: descobrir o que faz pulsar a coisa a ser dita

lovni

o limite da imagem

imagine a quantidade de referências existentes no mundo.
o mundo é infinito.
imagine a quantidade de referências não-existentes no mundo.
o mundo é infinito demais pra imaginar.

20130604

adoro quando dá felicidade do nada

adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa. mesmo que nada. pois adoro o nada e quando ele me dá qualquer coisa.

20130602

conversa de pensamentos

~bom de foto ou de desenho é que você não precisa falar nada pra dizer.
~ué, e quem disse que com texto eu preciso falar alguma coisa?

um poema me dizia

"eu te amo eu te amo"
acontecia: tapa na cara
"cala boca" retrucava
"vai pra puta que o pariu"
de novo acontecia: tapa na cara
"cala boca" retrucava
quem tu amas te ignora
quem te ama acontecia
"eu te amo eu te amo"
tapa na cara
"cala boca" retrucava
"sai daqui"
"vai pro inferno que te parta"
quem tu amas te ignora
"cala boca" retrucava
acontecia: tapa na cara
não é de todo mal
se nem amas nem nada
o que diabos seria?
"sai daqui cala boca"
tapa na cara acontecia

20130527

o rosto passa o tempo fica

o rosto empasta o tempo ramifica

20130525

ser-se

a fria temporada está chegando ao fim. pois a lagoa está exausta. pois o rumo se contorce. o inverno mal começou, mas o frio já está por partir. vira-vira resistência à vida. dá o nó do outro lado. calma, paciente, internamente. te contenta com a chuva. experimenta estar aberta. guardar o verde, as vagarezas do tempo, as máquinas de fazer palavras. guardar-se para então viver-se. para então soltar-se e reaver-se. tem mais quente do que estação.

20130524

Por esquecer:

Você se contorce, se torna insuportável, quando não por suas palavras, por suas observações quietas e suspeitas, que vivem te julgando, por todas as pessoas que você alimenta dentro de si mesma. Te estapeiam, te fazem convergir pra esse bife de alma reclamão e mascarado, que esquece de viver pra mastigar a si mesmo, suas memórias, suas sensações de hoje do que foi, sua ficção interna, passada como um filme por dentro da sala-de-estar do estômago. Várias vísceras acomodadas, esperando o suco de laranja do meio da tarde, a pizza do começo da noite, a saliva engolida em seco do fim da madrugada, sendo ela que te tem nas mãos... As mãos da madrugada são aquelas que te acolhem, te fazem menos carente de ti mesma, mais carente do mundo, enxergando por entre o sono a linguagem dos outros que te habitam por todos esses meses, e te fazem esquecer, nos dias que seguem escorrendo, o quanto você se limita no tempo, o quanto vive de lembrar, esquece de esquecer e morre de viver. Mas nem tudo se encontrou, nem tudo se resumiu, nem tudo foi vivido, pois algo se perdeu, graças, e ali que você está quase por chegar, só mais uns meses e está pra nascer, esse outro lugar, esses outros convidados a te terem nas mãos. Por entre a madrugada, num terreno baldio.

20130521

tô estranha

tô entranha tô em transa tô em transe tô entre ânsia e coisa que franze que manha que apanha de mim de ti dele e do mundo inteiro enquanto o corpo caramujo escondido em mim em ti nele e no mundo inteiro tá em transe tá em transa tá entranha tá estranho que coisa que manha que fronha que foi enquanto isso

20130515

junta amor de lá
corpo daqui
e até que dá
um aconchego

20130512

filó me olhando,

de barriga pra cima, de olhar profundo e orelhas atentas, como se eu fosse sua mãe, com meu olhar raso e orelhas escondidas por trás dos cabelos, servindo apenas para segurar o óculos, este que nasceu no lugar daquele que ela comeu, mastigou algumas partes e engoliu outras, como se me dissesse: se usas este óculos para que tuas orelhas existam por algum propósito, como-o, para que enxergues melhor com o próximo a minha barriga pintada, que um dia serviu para teu último óculos.