20070914

Crua,

não sei mais o que é ser alguém. Não trocaria minha sexta pra ficar com uma enxaqueca. Por ela não ser nada: ser crua. Deixar-me nua a vomitar insônia.

_Voltaste assim, tão de repente, tão sem sentido, que não pude entender mais se tinhas, antes, me perdido de vez.

Certamente, nesta loucura toda, nesta janela imunda, só me resta a imensa vontade de estar com as estrelas e não ser mais nada neste mundinho; voltar pra lá, pra não voltar mais pra mim. Ser-me de novo o que era.

Não vale a pena estar entre o gesto nenhum e a dor que nasce e acaba, e sempre assim, com pequenas felicidades.

Vou sentar-me comigo, na minha cama, com a minha alma traiçoeira - porque nem a ela inspiro confiança -, fazendo-me carinho durante a noite, frente a sujeirada da vida.

_Como este lixo todo veio parar no meu coração?

Na distância entre minha vida e eu, na minha ausência, só consigo ver-me afogada em um lindo e verde oceano de lágrimas.

_Porque, nessas lacunas, as coisas costumam ser assim: feridas ácidas e imperdoáveis.

Falta-me não pensar que não me sou; mesmo que amarga de tanto - e prazeroso - vômito.

(Mais um soluço e mais um vômito de palavras e angústias.)

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