20080806

outras vidas

apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego das coisas da vida que são pra sempre mesmo que eu nem lembre delas e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego apego e não desapego

20080805

eu derreteria

se eu tivesse as mãos d'água e delas eu dependesse para andar pois não teria pés nem pernas, eu, sim, derreteria. derreteria ainda mais provavelmente se minha boca fosse d'água, pois sou feita de falas engolidas e delas eu dependo mais do que de meus pés e pernas

mas caso minhas mãos e minha boca fossem d'água congelada e minha casa fosse freezer, eu seria como um hambúrguer frio de soja, mas feito de carne, bem temperado e com muitas esperanças de morrer de velho no congelador, que cuida dele com tanto amor quanto eu cuido da minha caixa de pérolas

algumas coisas têm sonhos nublados no passado
alguns sonhos são de coisas nubladas sem passado
alguns passados foram só de sonhos e coisas nubladas
alguns sonhos são encantados como passados não-nublados
outros encantos nascem de coisas que ainda não nasceram no passado

quando eu morrer eu quero virar água. eu quero um amigo quase-imaginário que invente um jogo com a água do meu corpo e com ela encante meu passado nublado e não-nublado, meu passado que foi e meu passado que ainda não passou pela minha água

20080804

eu prefiro as falas doces:

derretidas e quentes
ou derretidas e frias

algumas coisas ficam fora do lugar

a sombra tá muito comprida pra pisar na grama
a grama é do amor, assim como o hsbc e o turismo

a grama tá muito comprida pra pisar no amor
o céu tem partes que se mexem como algodão

as partes do céu são transportes nublados
os transportes são nuvens do céu do outro mundo

o outro mundo divide o mesmo céu que este mundo
o mundo tem só um céu e o céu tem muitos mundos

os outros mundos não têm hsbc e nem turismo
mas eles poderiam ser tranportados por nuvens

se o hsbc e o turismo estiverem na montanha
eles podem pegar a parada da primeira nuvem

pra primeira volta vou levar um sanduíche
o meu sanduíche vai ser quadrado e de nuvem e de chuva

a chuva é a nuvem envelhecida
a nuvem é o começo da chuva
a chuva é o alimento do rio
o rio é o fim da nuvem
a névoa é o desmaio da água

eu vou comer um sanduíche de nuvem e de chuva
por isso que eu sou um rio de fome

eu não gosto de nuvem fina
eu gosto de nuvem que preencha até os cantinhos

os cantinhos têm o bom-senso de existirem
senão o sanduíche não teria meio

o meio é que interessa na minha fome
meu meio é o meio do meu rio de fome

coma-me fome como um rio de nuvens
afoguei-me na minha fome de chuva

tontura e chá de abacaxi

quero sentir coisas bonitas com calafrios macios
onde a brisa no rosto é cheiro de chocolate quente
e o andar flutuante pede hora pra pensar em nós

por onde vagaremos amanhã?
passaremos por dentro de nós mesmos
como pássaros que respiram suas próprias penas

quando for a vez da minha pele te esquentar
tentarei estar gelada de vento frio
e fingindo frio ficaremos quentes

e não vai ser de amor
vai ser do sol que vem de dentro de nós
porque o sol não tem lugar do lado de fora

(a tontura é cor-de-rosa, quente e doce)

+++++++++++

(o sol é cor-de-rosa, quente e doce)

20080803

desamam vida

des
dddes
conforto imenso

sair
corrr corro
correndo

dessa
coisa ímen
ímeeeen
imensa

que amma
chamaaa
chamam de vida

20080729

quase que vomito um quase-vômito

20080718

guarda-me, chova-me

mes
mo que pra sempre
te
nha um fim físico,
pra sem
pre eu vou ter a tua pele na minha
p
ele,
e o teu olhar no meu olhar
e também
na min
h
a pele, e o m
eu olhar n
a tua pele e a nossa leveza:
de p
assar momentos só d
e olhares, d
e sentir as nossas respirações conversarem n
as nossas peles como nós
conversam
os só
por toques:
suaves
e frios em tons de azul,
mas aconchegantes
em
senti
ment
o quente

20080715

resolvi escrever meu gel nesta teoria

estou grudada em muitas pessoas e cachorros e coisas do mundo
tem gel entre mim e as coisas
o gel não acaba nunca
o gel engole e o gel faz escorregar
mas o gel nunca consegue sumir
e isso que me faz odiar e amar e odiar e amar o gel

o que significa isso?
já dizia eu há longo tempo pensando sobre o gel:
valores! significa valores!
quer saber onde?
está no gel, oras

mas o mais filhadaputa é tirar ou colocar os valores no gel
nãonão
o mais filhadaputa é manter os valores lá

o gel é denso
o gel não é denso
o gel é tenso
o gel não é tenso

quando o gel é denso as coisas ficam estáveis engolidas
quando o gel não é denso as coisas e os valores escorregam
quando o gel é tenso o gel pode ser denso ou pode não ser denso
quando o gel não é tenso o gel é denso ou o gel nem existe
quando o gel não existe as coisas e os valores são livres

não existir faz as coisas serem livres
mas se as coisas não existem significa que o gel está vazio
um gel vazio é um gel morto
mas um gel morto não é um gel que não existe
um gel morto é um gel que escorregou dele próprio ou é um gel que se engoliu

eu não sinto nada

quando tem sentimentos em mim eu não sou eu
os sentimentos são burros
quando eu sinto eu não sou eu
os sentimentos que são eu
quando eu sou burra
eu sinto muito que eu não sinto

20080624

hoje estou dupla

Estou dupla, as coisas estão. Não consigo mais ver, esse é meu problema na essência. Não vejo as coisas na minha frente me dizendo (mas ouço e soluço): não, não, nãodámais! nãodámais! nãodámais! nãodámais!(!!!!!!!!!)

Não estou sabendo para que lado olhar, e ver, e ver e só. Não queria ouvir, mas queria ver. Sentir porranenhuma também, sentir só deixa tudo mais pasto, mais vasto, mais gasto. Quero algo mais ácido, entende? Quero algo ácido e macio. Que seja díver, naquele sentido mais idiota e vivo que a palavra livre. Livre disso/de ti/de mim.

Eu não sei dizer uma só palavra explicável disso que ouço. E ouço o tempo quase inteiro, mas despedaçado, como se o tempo não conseguisse se manter, não tivesse coisa a recorrer pra ficar. E aí que SEI: a coisa! Essa é a que falta. A coisa que segura o tempo junto a todo tempo. Que não o deixe. Que o ame.

20080617

muda amor: de cor

20080610

hoje pensei no amor como se fosse meu cabelo:

pensei que do amor tem que estar sempre cuidando, sempre alisando e paparicando. qualquer coisa do dia-a-dia que incomode meu cabelo - como muito sol, vento ou coisa outra assim - precisa ser compensada com um bom banho de creme, ou uma escovada super apaixonada, para então ele voltar ao normal. ao normal por um dia ou dois, no máximo. passando disso ele já começa a ficar oleoso, grudento, ou o contrário, seco e quebradiço. que nem o amor. que se passa muito tempo sem ter atenção, pode tanto ficar grudento - como um chiclete (ou um pensamento) no cabelo que não quer mais sair, ou pode ficar quebradiço, e quebrar-se em partes/machucar-se. acabar, meu cabelo não acaba não. nem o meu amor. mas, de repente, chega uma hora que ele está tão fraco e cai, ou pede para ser raspado a qualquer custo. nunca tive meu cabelo raspado ou caído. (nem meu amor). tento cuidar dos dois, às vezes com alguns errinhos, mas nada que um s.o.s. (mãe da naiara ou naiara) não resolva.

20080601

eu não existo
insisto


(acabo e existo - paro e insisto)

(a coisa existe escondida em mim, eu escondo a coisa pra insistir nas outras coisas, que juntas não se dão, mas se forçam a acabarem ou a conviverem)

20080528

coisa boa é coisa à toa

20080505

pra que traduzir?

pensamos demais sobre as coisas, e então, vivemos pra tentar decifrá-las ao invés de não tentar nada, e deixá-las acontecer do seu jeito incauto/deu a hora de parar com tanta rotulação das coisas, pra deixar elas serem em paz, oras, sem ter que dar satisfações!

sabe o que é?

CANSEI DE PENSAR NAS COISAS COMO SE ELAS
JÁ NÃO FOSSEM SEM EU PENSAR

(porque eu não paro de pensar em separá-las e dividi-las por cores, formatos, tamanhos, gostos, texturas, cheiros, grau-de-compatibilidade, temperatura, acidez, lucidez, palidez, grau-de-desmanchar, facilidade/dificuldade-de-falecer,,,,,,,,)

nomenenhum pra coisanenhuma

as coisas são assim mesmo:

paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas. paralelas a elas mesmas. as próprias coisas são mais de uma. as coisas são muito "tudo junto" pras pessoas tentarem, o tempo todo, organizar em partes. porque a verdade é que as coisas estão unidas por coisa alguma/coisa nenhuma. e esse nenhum as mistura, mesmo sem existir. porque as coisas que não existem não deixam de ser coisas. em algum lugar elas estão: no meio das coisas todas.

mais uma minha coisanenhuma: nomenenhum
(deu vontade de ver texto grande, de vários textos pequenos, e iguais, mas quem sabe, lidos de outras formas, diferentes)