20111127

O sigilo é feito de gis e óleo.

Ser íngreme não presta serviço. Bastonetes não visam crédito. Incertezas só sobrevivem em tom de desmaio. Sabonetes se irritam facilmente com cochilos. Grilos pulam em falso. Piscas-piscas não são projetados pro plural. A língua não parece ser inanimada. Existar é o êxito de existir. Quem toma nota é anotado por dentro. Quando olho pro obscuro enxergo minha vez de dormir. Quando durmo estou segura. Tem gente que usa o liquidificador depois da uma hora da manhã. O sereno não faz bem pro estômago. A mágica só existe pra quem arrisca. O mágico não existe. Minha voz demora a ficar madura. Algumas pessoas falam tão submersas que mal conseguem abrir a boca. Outras pessoas inflam e não falam. Faz tempo que preciso de mais dedos pra contar as pessoas. Não me demoro em sonhar.
Me lembro bem que ia pensar em algo. Lembrei da grama, da ética e da gramática. Esqueci alguma coisa. Era o ritmo de algo. Era o algoritmo.
Menino de sete cabeças,
bicho de duas palavras,
quem verbaliza a centopéia,
ondula o mar 100%.
se não me falha a memória, a memória me falha
labuta biruta, permuta batuta
biruta permuta, batata palito
banana bonita, matuta matina
matina labuta, biruta batina
permuta nanica, banana menina
latrina polida, fina felina

f é coisa de vento

Uns falam,
uns quase-falam,
outros desfalam
pros que desfalecem.

Um chão que desordena o que eu piso.

O piso sorrateiro em lua nova, em prosa síria. Síria de pão, de lânguida chimia: do ovo ou da avó; da vida ou da viúva; do vidro que se esmiuça contra o desatento da cachorridade. Cachorridade é a humanidade, só que do cachorro. Nem todo homem é cachorro, evidentemente. Tem aqueles que só pisam, que passam a vida pisando. Que pisam a vida passando e tudo o mais. Tem cachorro que vaia, tem cachorro que vai. Tem tudo que é cachorro no mundo. Tem muito mundo: tem mundo miúdo; tem menta mimada e molho amado. Tem molhado e tem milhado. Tem tudo que é coisa. Só pera e espera, só para e repara. Só somente só. Lá somente lá. Si somente si. Dó semente dó.
uns morrem de mosquito,
outros de sol

Coisas de Mão

Eu só queria ter filho pra poder ter neto. Pra aproximar, assim, a minha infância de outra infância distante. Distante em termos redondos, apalpáveis, rítmicos de formas. Essa coisa de ouvir as formas e de pegar o som que vem de dentro delas e jogar no lago. Qual o som da forma no lago? É o som do lago mais o ritmo da mão. Da mão na coisa jogada. A forma da mão, a mão informa, a mãe da fôrma. Quem tem mão, tem mãe que tem forma. Quem informa tem mãe que tem mão. Quem é mãe tem forma de mão. De mão que joga coisas no lago. Coisas que têm forma de som. Coisas que são, que som, que sim. Coisas assim, não.

20111114

inventania