20090319

20090318

saco cheio é que nem coração de mãe, sempre cabe mais alguma coisa. haja (chá de)saquinho

20090316

(por enquanto, menos. porém, quanto mais)

bem menos descansar da vida
bem menos fazer de conta que tudo é lindo
bem menos esperar alguma coisa mágica acontecer
bem menos achar que um dia as pessoas vão mudar
um pouco menos pensamentos em futuro e profissão
um pouco menos preocupações com dinheiro
muito menos desestabilidade emocional
bem mais energias pra fechar o meu cortezinho no rosto
muito menos energias pra me deixar feliz

ansiosa e distraída

vomitarei
vomita areia

20090314

anna de molho

molho de anna
manha de olho
alho de malha
malha de anna
manha de alho

20090309

Ser só minha.

Prefiro um mal no meu corpo do que provocar um mal no outro corpo. Eu vou me torcer para ficar ainda mais seca. Eu não quero torcer o outro corpo. Eu não quero o outro corpo. Eu quero me torcer e ser uma só.

Num pingar de olhos.

Num piscar de óleos pensei densamente numa continuidade distorcida e de ruídos graves: não dissolve pedra em nuvem. 

Ólea: póla por um fio em alfinete metálico e gelado: não espeto rancores!

Sólen:

O meu design só pensa em função-pólen: amarela e em pó. Eu cansei de diluir fala. Permaneço estática e aflita de palavras sem função-solvente. Só pó. Só ólen. Sólen. 

Quem fala?

Corpo percorre corpo, percorre parado, enjoado. Murmúrio de sangue correndo de corpo em corpo ou de água filtrada ou fervida de bule em bule. Coisa aqui em contato com coisa ali. Vinil viril pegajoso em porco-corpo frio. Compatibilidade de verdadeiro e falso. Cutucar ferida fervida em pele ansiosa por tempo-fim. A essência da essência. Nada é tão essencial quando o céu não está maduro. Todo mundo amará doce grátis. O futuro nunca chega. O presente não tem liga metálica com o passado. O passado não quebra. O passado não assa. O passado é massa crua. O presente é massa-podre. O futuro é o presente que não pára. Não quero falar de superfície. Resta que a zona rural sempre conforta os aflitos. Planta. A zona rural planta. E se os corpos nascem de outros corpos, a vida não tem fim. A vida não tem finalidade. As proposições são infinitas. Como as vidas e a zona rural. Árvore, árvore, árvore. As pessoas correm demais porque são curiosas para chegar na finalidade da vida. A vida não existe, só a corrida das pessoas. Em primeiro lugar o asfalto. Em segundo lugar a indeterminação. A palavra grava foice em pedra. Grava pedra em foice. A palavra corre no asfalto com as pessoas que estão loucas de tanto asfalto indeterminado. As pessoas têm pressa de comer poeira. O futuro poderia estar no fim do asfalto. A poeira turva a visão do passado. A poeira infecciona a ferida, por isso que a ferida ferve. Alguns fantasmas brincam de chegar no tempo-fim e voltar. Eles fazem isso só para rir da cara das pessoas ansiosas. O mundo dá nos nervos. Na verdade o infinito não existe. É tudo uma coisa só que um dia morre. Acho que estraguei a brincadeira.

20090308

pêssego

penso
pausa
pensa
pouso
pousa
pause

Penso em pêssego e me pauso.

Alguns acontecimentos são difíceis. Eu não queria, mas penso sem pausa em coisa quente, viva e ainda mínima. Até meu choro foi quente mesmo embaixo de chuva. O som tão alto de chuva e de rato alimentou a noite tão cheia de fome. A noite está doce e foi engolida com pouco fôlego. A noite não desceu pela garganta ainda. Eu só queria uma ajuda tua para conseguir fazê-la passar por mim. Eu só te queria aqui para eu me sentar do teu lado e te contar uma história que aconteceu comigo. Eu acabei com todo o açúcar da casa. Eu vou vomitar formigas corriqueiras. E a chuva não pára de alimentar minha cabeça ainda amarga. Comi todos os tomates. Fiquei ácida por dentro e amarga por cima. Tenho que dar um jeito de derreter essas coisas de dentro de mim. E quanto às de fora, preciso dar um jeito de te ter por perto e me contrariar nessas vontades loucas de não ver mais ninguém. 

20090304

afeto é enfeite é confete é mel é fato é créu

afeto é inocente é luz é calor é umidade é mofo é calamidade é insanidade é morte é sorte é vento é chocolate é mascote é sorvete é suspiro é fugir até que a vontade volte

afeto me engole me cospe me abraça me chuta me tenta me assa me chama de puta

afeto é vaidade e vai tarde

afeto borbulha bisbilhota borboleta barbatana cambalhota

afeto é saudade é sede é sumir é subir é comer é correr é colher é engolir é cair é falir é sorrir é cansar é esquecer

afeto afeta o efeito da foda

afeto fura fala e fofoca

afeto feio é fato fundido

afeto um figo e fabrico fluido

afeto é fita de alfaiate festeiro

afeto e farinha flutuam com afinco

afeto e folia dá em feto faceiro

afeto lá no fundo é fofura é florido é ferida fingida

AFETAR-SE É FICÇÃO

20090302

Dentro da tevê moravam as pessoas.

É fundir o giz-de-cera 
para pintar desenhos de presente
ou falar na frente do ventilador 
para o som se propagar diferente.

É aprender a fazer brigadeiro 
como primeira comida e achar mágica 
o que o fogo faz com uma mistura de coisas 
ou queima de forma trágica.

É girar o balde cheio d'água 
para brincar de não ver chão molhado
ou fazer bola de sabão e molhar o chão 
que acabou de ser secado.

É gostar de girar o bambolê 
sem deixar cair e sem saber por quê
e depois pular corda até cansar 
e só parar para pensar como é feita a tevê.